Na primeira sessão na Bolsa de Chicago após a efetivação das tarifas de 25% da China sobre a soja importada dos EUA, os futuros da oleaginosa terminaram o dia com baixas de mais de 20 pontos entre os contrato mais negociados, ou perdendo mais de 2%.
Com isso, os primeiros vencimentos voltaram a ficar na casa dos US$ 8,50 por bushel, enquanto o setembro/18 ficou em US$ 8,61 e o novembro em US$ 8,72.
O peso maior sobre as cotações ainda vem da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, o que reforça um cenário de menor demanda por parte dos chineses pela soja norte-americana e, mais do que isso, das especulações sobre os efeitos práticos que esse cenário pode criar a partir do momento em que as tarifas começam a valer.
O importante será saber agora, como explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, qual será a demanda de fora da China que se voltará à soja norte-americana e que tamanho ela terá.
“Quem não é China vai comprar nos EUA. Mas, essa demanda será suficiente para fazer um início de temporada nos EUA?”, questiona Vanin, em um momento em que as lavouras norte-americanas estão em franco desenvolvimento no Corn Belt.
Todavia, tanto Vanin, quanto o analista de grãos do Rabobank, Victor Ikeda, acreditam que a China ainda necessita da soja norte-americana e, mesmo sendo mais cara para o país nesse momento, irá recorrer ao produto.
Ainda segundo uma projeção do Rabobank, no último trimestre do ano a nação asiática deverá precisar de algo próximo a 20 milhões de toneladas da oleaginosa, com o Brasil podendo suprir com algo entre 4 e 5 milhões de toneladas.
“Assim, se analisarmos mais para frente, vai haver uma necessidade da China por parte da soja americana e isso vai promover um reajuste do mercado para patamares mais próximos dos US$ 9,00. A América do Sul sozinha não é capaz de abastecer a China em 2018”, diz Ikeda.
Por outro lado, os EUA semearam, na safra 2018/19, mais soja do que milho pela primeira vez em 35 anos e isso também preocupa os agricultores locais. “Quando se começou a ter uma deterioração dos preços em Chicago, a soja americana, basicamente, já estava no chão e não havia como mudar a oferta americana”, explica o analista do banco internacional.
E o quadro climático no Corn Belt ainda não vê configuradas efetivamente ameaças à safra 2018/19. Há uma intensificação do calor previsto para as próximas semanas, mas ainda sem trazer preocupações com prejuízos muito severos. E essa também tem sido um fator de pressão sobre os preços.
“Boa parte do foco do mercado se voltou, nesta segunda-feira, para a mudança de temperatura no Meio-Oeste americano e na ideia de que o calor forte não vai alcançar uma área muito extensa de lavouras que estão na fase de polinização nas próximas semanas. As temperaturas começarão a cair e ajudarão a aliviar o stress”, diz Rich Nelson, estrategista chefe da Allendale, Inc.
Completando o dia de correção técnica e realização de lucros depois das altas de mais de 4% na última sexta-feira (6), o mercado ainda se ajusta às vésperas de um novo boletim mensal de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz nesta quinta-feira (12).
Preços no Brasil
No Brasil, o destaque deste início de semana foi a subida, na contra-mão da Bolsa de Chicago, das cotações no interior do país. Em algumas praças de comercializaçao do Sul, os ganhos chegaram a 2,74% levando o preço a R$ 75,00 por saca, como em Não-Me-Toque/RS.
Bons ganhos foram registrados também no Centro-Oeste, como foi o caso de Brasília, onde a saca de soja fechou dia com um avanço de 4,9% para R$ 75,00.
Já nos portos, por outro lado, as cotações ou recuaram ou mantiveram-se estáveis. Em Paranaguá, manutenção nos R$ 89,50 no disponível e nos R$ 90,00 para março/19. Já em Rio Grande, R$ 87,50 no spot e R$ 88,30 para agosto, com baixas de 1,13% e 1,01%.