Nesta terça-feira, os preços da soja voltaram a subir no mercado brasileiro. O momento é bastante positivo para as cotações no cenário doméstico, estando fortalecidas por uma conjunção de fatores, entre eles uma melhora dos patamares na Bolsa de Chicago, a intensidade da demanda pelo produto nacional e mais prêmios nos portos ainda muito elevados.
Assim, mais uma vez, o avanço das referências nas praças do interior do país variaram entre 0,62% – como foi o caso de Castro, no Paraná, para levar a saca a R$ 81 – e 2,12%, como aconteceu em Rondonópolis, Mato Grosso, onde o último preço ficou em R$ 72,30 por saca.
Nos portos, indicativos também com bons ganhos. Em Paranaguá, a soja disponível fechou o dia com R$ 83 por saca – batendo nos melhores níveis da últimas semanas, subindo 1,84%. No terminal de Rio Grande, o produto disponível fechou a terça-feira com R$ 79,50 e a referência maio/18 em R$ 80,00, com altas respectivas de 0,89% e 1,01%. Em Santos, a soja ficou com R$ 81,50.
No terminal paranaense, os prêmios ofertados pela soja brasileira têm variado de US$ 1,06 a US$ 1,14 por bushel nas principais posições de entrega sobre os valores praticados na Bolsa de Chicago. Considerando o fechamento desta terça no mercado futuro americano do vencimento maio, a oleaginosa teria US$ 11,46 por bushel.
“Esse é um cenário positivo, que tende a se manter até o segundo semestre. Os prêmios estão acima de US$ 1,00, isso é extremamente favoerável para o Brasil, considerando também que há alguns meses não víamos algo nesse patamar. Era só em período de entressafra que isso ocorre. E isso se transmite para os preços no mercado interno de forma direto. Esse é o reflexo da demanda internacional”, diz o pesquisador do Cepea, Lucílio Alves.
Apesar dessa melhora das cotações no Brasil, principalmente nos portos, Alves alerta, porém, que as margens do produtor ainda estão ajustadas em função de uma alta dos custos de produção que vieram sendo observados nas últimas safras.
Além desses fatores, a alta recente do dólar também ajuda a puxar os preços no Brasil. Neste pregão, a moeda americana voltou a subir e fechou o dia com alta de 0,77% e valendo R$ 3,3381. O mercado de câmbio, assim como os demais do cenário financeiro, se mostram bastante cautelosos antes do julgamento do habeas corpus preventivo do ex-presidente Lula no STF nesta quarta-feira (4).
“Mercado tem motivos para ficar receoso com o STF”, comentou um profissional da mesa de câmbio de uma corretora nacional à agência de notícias Reuters, ao lembrar de liminar que impediu que o ex-presidente fosse preso pelo menos até que saísse a decisão desta quarta-feira.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja fecharam o pregão desta quarta-feira com leves baixas. A commodity começou o dia com altas consideráveis, que passavam dos 10 pontos, porém, foram perdendo força e terminaram os negócios subindo entre 2,25 e 3 pontos, com o maio/18 valendo US$ 10,38 por bushel.
O mercado da soja foi influenciado pelas fortes altas registradas pelo trigo também negociado na Bolsa de Chicago – que fechou com mais de 10 pontos de alta entre as posições mais negociadas – porém, o avanço dos preços foi neutralizado pelas preocupações dos traders com a disputa comercial entre a China e os Estados Unidos, como explicou a analista de mercado Ana Luiza Lodi, da INTL FCStone.
Também em compasso de espera, o mercado aguarda pelos números de consolidação da safra argentina. Embora já seja conhecida a quebra severa da colheita 2017/18 do país, os traders esperam pelos números finais da produção, e principalmente, qual será o impacto dessa oferta menor argentina e, consequentemente, da América do Sul nesta temporada.
Os traders também começam a dar alguma atenção ao início – ainda tímido – da nova temporada norte-americana e, especialmente à disputa por área nos Estados Unidos e às condições de clima em que os trabalhos de campo serão realizados.