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Soja: mercado brasileiro está travado e com limitada referência de preços

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A quarta-feira foi negativa para os preços da soja na Bolsa de Chicago, com o mercado internacional trabalhando com baixas de até mais de 10 pontos ao longo dia, e as perdas se estenderam também para as referências no mercado interno. O dólar encerrou o s negócios com uma leve alta e insuficiente para segurar os preços no Brasil.

Além das referências pressionadas, o mercado brasileiro da soja segue travado com a continuidade da paralisação dos caminhoneiros. O movimento entrou em seu décimo dia e, embora perdendo força, ainda mantém o país travado. As últimas notícias já mostram o exército nas vias e rodovias buscando dispersar os manifestantes, mas ainda enfrentando resistência e a manutenção de pontos de bloqueio.

Até o fechamento desta matéria, oito estados brasileiros ainda registravam pontos de bloqueio e 18 tinham protestos nesta quarta-feira. No agronegócio, os produtores seguem contabiilizando seus prejuízos.

No Porto de Santos, a movimentação das cargas segue paralisada, travando as exportações brasileiras não só de soja, mas de todas as commodities agrícolas do Brasil. Em Paranaguá, a situação é bastante semelhante.

Dessa forma, os negócios permanecem travados no Brasil, com muitos compradores evitando novas operações com a possibilidade de não receberem sua oferta, ao mesmo tempo que os vendedores sofrem com um possível não pagamento de uma soja que pode não chegar ao destino final.

“Na questao do grão, o impacto está começando a ser sentido esta semana. Várias tradings e indústrias saíram das compras, em virtude da incerteza quanto à greve, e seu efeito sobre o valor dos fretes. A Acergs (Associação das Empresas Cerealistas do Estado do Rio Grande do Sul) divulgou uma nota nesta terça-feira para as cerealistas pararem de comprar soja”, relata Dionatan Carvalho, comprador de cereais em Passo Fundo/RS.

Nesse quadro, as baixas entre as principais praças de comercialização ficaram, nesta quarta, entre 0,63% e 1,77%, como foi o caso de Luís Eduardo Magalhães, onde a saca terminou o dia com R$ 72. Muitas praças dentre aquelas pesquisadas pelo Notícias Agrícolas nem ao menos registraram seus indicativos por conta dessa paralisação do mercado interno.

Nos portos, as referências cederam em Paranaguá e se mantiveram estáveis em Rio Grande. No terminal paranaense, a soja disponível fechou o dia com R$ 86,50 e para março/19 com R$ 87,50 e, em ambos os casos, a baixa foi de 0,57%. No gaúcho, mantidos os R$ 86 no disponível e R$ 86,50 no junho/18. Santos, Imbituba e São Francisco do Sul não tiveram referências.

Segundo a analista de mercado Rita De Baco, o mercado da soja está parado no Rio Grande do Sul desde a última sexta-feira (25) e, desde segunda-feira (28), os compradores já nem indicam mais preços. “Nada no imediato. Movimentos pontuais para entrega e pagamento mais pra frente. Indústrias que sempre tinham movimentação de números, tiveram de parar. Hoje, nem mercado futuro se falou”, diz.

Segundo a analista, os reflexos da paralisação dos caminhoneiros não pesa negativamente só sobre a formação dos preços e negócios com a soja, mas também sobre a imagem que o Brasil tem construído como o mais importante player global desse mercado.

“Isso é preocupante, uma vez que o Brasil disputa o primeiro lugar como exportador de soja, essa paralização geral mostra que podemos ter problemas sérios para escoar todo o produto. Temos uma logística falha, onde 80% das rodovias não são pavimentadas. A legislação portuária é boa, mas quando cabe na questão de fazer dragagem e limpeza do canais, caímos na questão ambiental”, salienta a executiva. “Nossa eficiência, dentro da porteira, supera os países de primeiro mundo. Nossa ineficiência, fora da porteira, proporciona despesas adicionais que corroem os ganhos competitivos do agro”, conclui.

As baixas na Bolsa de Chicago, mais uma vez, foram motivadas pelas novas disputas comerciais entre China e Estados Unidos, como explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.

Voltou ao centro do radar dos traders a a possibilidade de Trump lançar uma lista de produtos chineses a serem tarifados em 25% para as exportações com destinos norte-americanos. Ao mesmo tempo, o mercado sente também a pressão do bom desenvolvimento da safra 2018/19 dos Estados Unidos.

De acordo com os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), reportados em um boletim nesta terça-feira (29), o plantio da soja evoluiu, em uma semana, de 56% para 77%, contra 65% do ano anterior e 62% da média dos últimos cinco anos. 47% das lavouras da oleaginosa já emergiram, contra 26% da semana anterior, 34% do ano passado e 32% da média.

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