Os preços da soja no mercado brasileiro, novamente, foram penalizados pela alta do dólar chegando em um momento em que as cotações na Bolsa de Chicago não respondem da mesma forma. O movimento ainda limita um melhor desenvolvimento da comercialização no país não só do que resta da safra velha, mas também da safra nova.
“Neste momento, o produtor brasileiro tem sua atenção voltada mais para o clima e para a preparação do plantio do que para a comercialização, uma vez que Chicago não chega nos níveis desejados. Cerca de 12% a 15% da safra nova foram negociados até o momento apenas, quando o normal para o período seria 20%”, explica o analista de mercado da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez.
Nesta quarta-feira, os futuros da commodity caminharam de lado durante todo a sessão, para encerrá-la com pequenos ganhos de 1 a 2 pontos entre as posições mais negociadas. Assim, o novembro/17 fechou com US$ 9,65, enquanto o maio/18, referência para a safra brasileira, fechou em US$ 9,93 por bushel.
Enquanto isso, o dólar subiu 0,84% e fechou em R$ 3,1931, registrando seu mais alto valor desde 14 de agosto. Na máxima do dia, a moeda americana encostou nos R$ 3,2017. “A alta é um mix, com efeito prolongado da Yellen e também com expectativa pelo anúncio de Trump sobre impostos”, explicou o diretor de operações da corretora Mirae, Pablo Spyer à agência de notícias Reuters.
Dessa forma, os preços no mercado brasileiro não responderam da mesma forma nos principais portos e praças de comercialização do país. Para a soja disponível, R$ 71 em Paranaguá, estável, e R$ 70,70 em Rio Grande, registrando perda de 0,42%. Já no caso da nova temporada, R$ 74 por saca no terminal paranaense, com alta de 2,78% e R$ 72,50 no gaúcho, que fechou com estabilidade. No interior, foram registradas perdas de até 10% e ganhos de quase 2%.
Mercado Internacional
Entre os fundamentos, as atenções seguem mantidas sobre o clima no Brasil e as previsões mostrando chuvas melhores para os próximos dias nas principais regiões produtoras do país.
Ao mesmo tempo, foco também na evolução da colheita norte-americano e nos números de produtividade que chegam dos campos. Os relatos ainda mostram alguma irregularidade entre os rendimentos, porém, a maior parte deles mostra números melhores do que o esperado.
“Agora, com 10% da área de soja dos Estados Unidos colhida e relatos de produtividade que estão dentro do esperado, o mercado começa a levar em consideração o peso da entrada da safra”, explica Gutierrez.
O analista, no entanto reforça que, assim como acontece no Brasil, nos EUA as vendas também acontecem de forma mais lenta nesse momento.
“O produtor norte-americano, que tradicionalmente vende antecipado, no momento da colheita, tem boa parte da soja vendida. Neste momento, porém, há uma retração das vendas por conta dos preços, que são baixos tanto para eles quanto para os brasileiros”, diz o analista.
O que ajuda a limitar as baixas ainda são as informações de demanda. Nesta quarta, o USDA trouxe uma nova venda de 132 mil toneladas do grão para a China. Todo o volume foi da safra 2017/18. E o apetite chinês, de fato, se volta para o mercado americano neste momento, já que é lá que está a soja com preço mais competitivo para os importadores.
Ainda nesta semana, um novo boletim de estoques trimestrais do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) chega na próxima sexta-feira (29), e já exige a busca por um posicionamento por parte dos traders. A expectativa do mercado é de que a posição dos estoques americanos em 1º de setembro de 9,23 milhões de toneladas.