O mercado da soja voltou a operar na Bolsa de Chicago na manhã desta quarta-feira após o feriado de 4 de julho nos Estados Unidos com altas muito fortes. As cotações, nos primeiros negócios, subiam quase 4%, ou mais de 11 pontos, levando o novembro/17 – que é o contrato mais negociado neste momento – aos US$ 9,92 por bushel.
Analistas e consultores esperam volatilidade e um maior nível de especulação a partir desse momento no mercado internacional de grãos. O período é de pico do mercado climático e de início efetivo do desenvolvimento das lavouras no Corn Belt. E, neste momento, as previsões climáticas não indicam boas condições para o campo.
“Os dois principais modelos meteorológicos estão em sintonia e aumentaram a área de abrangênca do centro de alta pressão para os Estados Unidos nas próximas duas semanas. A localização principal desse bloqueio atmosférico está no extremo oeste do Corredor, mas já está se deslocando em direção ao leste, pegando todo o Nebraska, oeste de Iowa e norte de Minnesota, que são áreas que ainda não apresentam déficit hídrico como as Dakotas”, explica o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa.
O mapa atualizado do NOAA, o serviço oficial da clima do governo norte-americano, mostra as chuvas mais volumosas ainda concentradas na região leste do país, mantendo, portanto, boa parte do Corn Belt com volumes abaixo do normal para essa época do ano.
As Planícies do Norte (Dakotas) e Centrais (Nebraska e Kansas) e demais áreas devem registrar tempo predominantemente seco e qualquer indício de precipitação não ultrapassará os 25 mm acumulados, com os maiores índices previstos para o leste do Kansas. Ou seja, tempo seco e quente ainda é mantido nas Dakotas, cujas áreas de soja, milho e trigo de primavera já apresentam seca moderada a forte.
Também em função do feriado, o reporte semanal de acomapanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que chega, tradicionalmente, às segundas-feiras, será divulgado hoje, às 17h (horário de Brasília), e também pode mexer com o ânimo dos investidores.
“O mercado da soja segue na expectativa do que o USDA irá trazer no relatório das lavouras que será divulgado nesta quarta-feira, onde há grandes expectativas que venha com queda na qualidade das plantações, porque o clima esteve piorando nos últimos dias e com temperaturas em crescimento junto com tempo seco, que pega as lavouras em fase de florescimento”, explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Em seu último boletim, o USDA indicou 66% das lavouras de soja em boas ou excelentes condições, com 8% delas em fase de florescimento. Os novos números chegam às 17h (horário de Brasília).
Assim, ainda segundo a Labhoro, as estimativas para o relatório de acompanhamento de safras é de que o índice de lavouras de soja em boas/excelentes condições caia de 1 a 2 pontos percentuais.
“Voltamos a destacar que estamos no meio de um importante Mercado Climático e que no momento gera preocupação, com a expectativa de tempo seco e quente”, completa Sousa.