Os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago voltaram a recuar nesta quinta-feira e fecharam próximos das mínimas em duas semanas. Assim, o dia foi mais um de pressão sobre a formação dos preços no Brasil.
Com isso e um dólar um pouco mais baixo do que o registrado nas últimas sessões, as perdas entre os referenciais no mercado internacional ficaram, nas principais praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, entre 0,27% – como em Assis, no estado de São Paulo – e 2,78%, em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul.
Em alguns pontos do país, porém, as cotações ainda encontraram espaço para subir. Em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis os ganhos foram de, respectivamente, 1,47% e 1,49%, para R$ 69 e R$ 68 por saca. Em Castro, no Paraná, o indicativo também subiu – 1,22% – para terminar o dia com R$ 83/saca.
Nos portos, Paranaguá também conseguiu registrar uma valorização no disponível, de 0,59%, e o preço no fim dos negócios ficou nos R$ 85,50. Já em Rio Grande, baixa de 0,36% no disponível e de 0,59% na referência maio/18 para ficar em R$ 84 e R$ 84,50.
As baixas dos preços no mercado nacional tiraram a força do ritmo dos negócios em quase todos os principais estados produtores, segundo relataram sojicultores, com os produtores esperando uma melhora dos atuais patamares.
Os indicativos, nos últimos dias, registraram níveis ainda mais altos em função de uma recente disparada dos prêmios sobre a soja brasileira, especialmente depois da taxação.
“O mercado deu uma parada, que é normal para o fluxo. Agora, o mercado está olhando essa questão da guerra comercial (entre China e EUA) e isso também gera um grau de incerteza dentro das empresas, as quais atuam dentro dos dois países. E elas vão ter que entender também como isso vai ser resolvido na questão logística”, diz o analista de mercado, Fernando Pimentel.
Esse é um momento, ainda segundo o especialista, em que muitos compromissos financeiros do produtor começam a vencer e o fechamento de novos negócios, portanto, vai depender também, além do momento ideal, das necessidades e realidade de cada produtor. “Quem está capitalizado, agora vai sentar em cima da soja e esperar pra voltar a vender”, afirma Pimentel.
A moeda americana, nesta quinta-feira, passou por um movimento de correção, de acordo com informações apuradas pela Reuters, para fechar o dia com R$ 3,3915 e alta de 0,34%. “Vemos um movimento de correção técnica após a queda da véspera”, trouxe a Correparti Corretora em relatório.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, as posições mais negociadas terminaram o dia com perdas de pouco mais de 4 pontos, com o maio/18 – que é o contrato mais negociado neste momento – encerrando o pregão nos US$ 10,37 por bushel.
Segundo analistas internacionais, as baixas foram resultado, mais uma vez, das preocupações em torno da demanda pela soja norte-americana, principalmente por parte dos chineses, em decorrência da guerra comercial entre os dois países.
Entretanto, de outro lado, os preços encontraram suporte no forte e importante boletim semanal de vendas semanais para exportação divulgado nesta quinta-feira pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Na semana encerrada em 12 de abril, as vendas foram de 1.040,7 milhão de toneladas da safra 2017/18. Os traders, porém, esperavam algo entre 1,4 milhão e 2,2 milhões de toneladas. A maior parte foi adquirida por destinos não revelados.
No acumulado da temporada, as vendas norte-americanas de soja já totalizam 54.035,4 milhões de toneladas, contra a expectativa total para o ano comercial 2017/18 de 56,2 milhões de toneladas. No ano passado, nessa mesma época, as vendas somavam 55,62 milhões de toneladas.
Já da safra 2018/19, os EUA venderam 1.090,7 milhão de toneladas, com a maior parte sendo destinada à China.
O clima nos Estados Unidos e o leve atraso no plantio do milho que começa a aparecer também causa especulações no mercado internacional de grãos. “O mercado de grãos vê a melhora das previsões limitando os preoçs da soja e do milho, enquanto o trigo ainda trabalha em alta na CBOT”, diz o analista de mercado do portal internacional Farm Futures.
De acordo com informações do Commodity Weather Group, algumas chuvas deverão aliviar o stress sob as lavouras de trigo em cerca de dois terços das Planícies do Sul, mas metade da área deverá voltar a secar nos próximos 15 dias.