O mercado internacional da soja começou o dia registrando baixas bastante severas na sessão desta sexta-feira, mas foi amenizando as perdas ao longo do dia, para encerrá-lo com perdas de pouco mais de 1 ponto entre as posições mais negociadas. O contrato maio/18 terminou o pregão com US$ 10,28 por bushel, após bater em US$ 10,09 na mínima do dia.
Na semana, as baixas acumuladas foram de mais de 2% entre os principais contratos. Segundo explicam analistas internacionais, o mercado – na sequência do tombo que levou mais cedo – realizou algumas movimentações técnicas e encerrou os negócios com estabilidade, já se posicionando para as novas informações previstas para a próxima semana.
Além disso, os traders também buscam compreender quais serão os efeitos reais e efetivos da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. Na última quinta-feira, o presidente americano assinou um memorando com uma lista de bens chineses a serem taxados com um valor de US$ 60 bilhões, que começa a valer após um período de consulta de 30 dias após sua divulgação.
Na sexta, a China respondeu com uma lista de US$ 3 bilhões em mercadorias americanas que poderiam ser alvo caso não se chegue a um acordo entre as duas maiores economias do mundo. A lista inclui carne de porco, vinho, tubos de aço. A soja ainda não contava com uma menção direta.
Um terço da produção americana de soja, avaliado em US$ 14 bilhões por ano, é destinado à China e, assim, a cultura poderia ser uma das mais prejudicadas em meio a essa disputa, de acordo com uma avaliação da American Soybean Association. “A linha dura que pode ser adotada pelo governo chinês levará a uma retaliação que pode custar a subsistência de muitos agricultores americanos”, disse a associação.
“E as atenções continuarão a ser focadas nestas questões da China”, explica o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa.
Na outra ponta, o mercado recebeu ainda os números das vendas semanais norte-americanas trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), com dados que ficaram dentro das expectativas do mercado e, de certa forma, ajudaram no suporte às cotações, mesmo vindo perto da mínima das projeções.
Na semana encerrada em 15 de março, as vendas americanas de soja foram de 759 mil toneladas da safra 2017/18, enquanto o mercado esperava algo em um intervalo de 700 mil a 1,4 milhão de toneladas. A maior parte continua a ser adquirida pela China. Da safra 2018/19, foram vendidas 140 mil toneladas. Em todo o ano comercial, as vendas americanas já acumulam 50.033,6 milhões de toneladas, contra pouco mais de 53,9 milhões da temporada anterior. O USDA estima que as vendas americanas totalizem 56,2 milhões de toneladas.
Além disso, o mercado conta ainda com a movimentação dos fundos, que seguem muito comprados na soja e nos derivados. “E os fundos Não vão deixar o mercado cair tão fácil, vão começar a observar o clima americano, embora ainda seja cedo. Só teremos o reflexo mais acentuado disso entre junho e julho”, diz Sousa.
Ainda nestas quinta e sextas-feiras, os traders viram novos cortes entre as projeções para a safra de soja da Argentina pelas bolsas locais. Em seu último Panorama Agrícola Semanal (PAS), a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) reduziu novamente as suas estimativas para a safra de soja argentina, que agora é estimada em 39,5 milhões de toneladas.
No mercado brasileiro, a semana também foi negativa para a formação dos preços. As principais praças de comercialização e os portos do país, segundo levantamento feito por André Bitencourt Lopes, economista do Notícias Agrícolas, acumuladas perdas de 0,45% a 2,44% como foi o caso de Sorriso. Na cidade de Mato Grosso, a saca de soja ficou em R$ 60.
Entre as referências dos portos, o destaque ficou por conta do indicativo maio no terminal de Paranaguá, que subiu 1,25% para R$ 81 por saca. Enquanto isso, em Rio Grande, a soja disponível perdeu 1,14% e para maio, 1,39%, levando os preços a, respectivamente, R$ 77,80 e R$ 78,20 por saca.