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Soja acumula 10 sessões de alta em Chicago

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A semana começou intensa e bastante positiva para o mercado futuro norte-americano da soja. Os preços da commodity encerraram o dia subindo mais de 23 pontos nos principais contratos, com o novembro/17 – o mais negociados agora e referência para a safra americana – ficou em US$ 10,39 por bushel, após bater em US$ 10,43 na máxima da sessão. No complexo, os futuros do óleo e do farelo também subiram de forma bastante expressiva, encerrando os negócios com ganhos superiores a 2% nesta segunda-feira na CBOT, bem como entre as cotações do milho e do trigo.

As fortes altas observadas neste pregão foram reflexo de um conjunto de fatores positivos que serviu como combustível para esse movimento em Chicago, como explicou o analista de mercado Miguel Biegai, da OTCex Group, de Genebra, na Suíça. Entre os principais, estão o clima quente e seco no Meio-Oeste dos Estados Unidos, a recompra de posições por parte dos fundos de investimento e mais o dólar em queda no Brasil frente ao real. As condições climáticas e, principalmente, as especulações sobre seus impactos na safra americana, porém, seguem no foco do centro formador dos preços e já são 10 sessões consecutivas de ganhos.

Os mapas climáticos continuam indicando tempo ainda muito quente e seco no Meio-Oeste americano já trazendo preocupações aos produtores locais, com o potencial produtivo da nova safra começando a ficar ameaçado. Para Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, o mercado pode testar, por outro lado, alguns movimentos de realização de lucros na medida em que as previsões mudarem o cenário no Corn Belt.

“Ainda não se tem uma garantia, uma certeza de que há problemas na safra americana. Essa semana precisaria ainda continuar seca e quente para consolidar esse movimento”, diz o executivo. “O produtor não pode só especular só sobre o clima, e parte da alta dessa segunda-feira foi em cima do financeiro”, completa.

Clima nos EUA

Segundo informações apuradas pela Labhoro Corretora, no fim de semana, que foi de tempo ainda quente e seco, “as chuvas que ocorreram ficaram localizadas no leste e parte norte do Cinturão e leste de Iowa, com volume fraco a moderado. Tempo seco continua predominando nas Dakotas, Nebraska e oeste de Iowa”.

E os próximos 15 dias, segundo as previsões climáticas atualizadas, seguem mostrando chuvas abaixo da média e temperaturas acima nas principais regiões produtoras norte-americanas, especialmente no Oeste no Corn Belt. Os mapas indicam as condições para o período dos próximos 6 a 10 dias, pelo NOAA, o serviço oficial de clima do governo americano.

“As previsões estendidas mostram clima quente e seco até o final de julho para o lado oeste numa abrangência maior incluindo o oeste de Iowa, o que certamente fará com que o mercado coloque agressivamente mais prêmio nos preços em CBOT a medida que o potencial de produtividade declina. Os dois modelos principais reduziram mais ainda as chuvas para os próximos 10 a 14 dias”, explica o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa.

Além disso, essas previsões seguem estimulando uma mudança dos fundos em suas posições, os quais estão, ainda segundo informações apuradas pela Labhoro, vendidos em algo entre 85 e 95 milcontratos de soja. “Esta posição vendida dos fundos pode ser um estopim nos preços se os mesmos resolverem jogar a toalha e reverter suas posições short para long”, completa Sousa.

Demanda

As vendas norte-americanas de soja para exportação da safra 2016/17 continuam acontecendo de forma expressiva, o total comprometido já chega a superar 59,7 milhões de toneladas e também dá suporte aos preços. E nesta segunda, os números dos embarques semanais dos EUA trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) vieram acima do esperado pelo mercado e também colaboraram.

Na semana encerrada em 6 de julho, os embarques americanos de soja somaram 475,157 mil toneladas, enquanto as projeções variavam de 190 a 380 mil toneladas. No acumulado do ano comercial, os EUA já embarcaram 52.996,826 milhões de toneladas, contra pouco mais de 45 milhões no ano anterior, nesse mesmo período.

Dólar

Nesta segunda-feira, o dólar encerrou o dia em baixa, perdendo 0,61% e valendo R$ 3,2595 refletindo a intervenção do Banco Central neste início da semana. “Ao não retirar liquidez do mercado, o BC auxilia na manutenção das taxas pouco abaixo de 3,30 reais”, afirmou a corretora Fair em relatório, segundo informa a agência de notícias Reuters.

Preços no Brasil

Essa baixa do dólar, porém, foi bem menor do que as altas observadas na Bolsa de Chicago, o que acabou não sendo um limitante para a formação dos preços da soja no mercado brasileiro. Portos e praças de comercialização registraram ganhos bastante expressivos, de até 5,36%, como foi o caso de São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, onde o último valor foi de R$ 59 por saca.

Para a soja disponível, no melhor momento do dia as referências bateram em R$ 75 por saca, mas fecharam o dia com R$ 74. Já em Rio Grande, o indicativo fechou com R$ 75 e uma alta de 2,04. Já para a safra nova, a referência junho do ano que vem, nos melhores momentos desta segunda-feira, o preço foi R$ 80 por saca.

Com as boas altas observadas nos últimos dias, o atraso na comercialização da safra 2016/17 foi reduzido, com Mato Grosso já tendo comprometido cerca de 90% de sua produção. Apesar disso, afirma que nesta segunda-feira o ritmo dos negócios já não foi tão agressivo, com o produtor brasileiro um pouco mais cauteloso e redefinindo seus alvos de preços e estratégias de venda.

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