O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deverá tomar uma decisão, na próxima semana, sobre as mudanças na vacina contra a aftosa. A previsão foi feita nesta quarta-feira (26) pelo secretário de Defesa Agropecuária, Luis Eduardo Rangel, durante reunião do ministro Blairo Maggi com representantes do setor de proteína animal e os presidentes da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), deputado Nilson Leitão, e da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), João Martins.
Documento com sugestões sobre mudanças na vacina e no sistema de inspeção federal foi entregue ao ministro Maggi, durante a reunião. Em três páginas, o presidente da FPA também aponta preocupações do setor com as consequências da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, desencadeada em março passado, nas exportações brasileiras de carne bovina.
Uma das mudanças propostas trata da forma de aplicação da vacina, optando pela via subcutânea para reduzir o risco de lesões. Outra recomendação é a retirada da saponina, componente que pode estar causando reações. As entidades pedem ainda limitação da faixa etária da vacinação para animais de até 30 meses e fim da obrigatoriedade da vacina para animais que serão abatidos em até 180 dias.
Entre as decisões programadas para a próxima semana se inclui a possibilidade de retirar a saponina, um dos componentes da vacina contra aftosa. “Nossa equipe já avaliou e a nossa intenção é fazer com que essa chave seja virada já no próximo ciclo de vacinação”, disse.
O secretário de Defesa Agropecuária afirmou ainda que estão sendo tomados todos os cuidados antes de adotar uma posição. Segundo ele, é preciso saber, por exemplo, se há no mercado vacina sem saponina e ainda se há doses em quantidade suficiente.
A Frente Parlamentar Agropecuária também apresentou sugestões sobre o sistema de inspeção. Em relação a esse assunto, o ministro adiantou que estão sendo adotadas medidas para investigar desvios de conduta profissional e implementado programa de compliance (integridade) no Mapa, que compreende um código de ética para os fiscais.
“Não temos que jogar fora nosso sistema. Ele é bom e é auditado pelo mundo. Queremos é aperfeiçoá-lo. Queremos é dar transparência ao processo para que o mundo nos olhe e diga que o Brasil é, de fato, um país com autonomia e que respeita regras internacionais”, afirmou Maggi durante a reunião.
O ministro disse que a Carne Fraca deu oportunidade para implementar mudanças, não só internamente, mas junto com o setor e com os sindicatos dos trabalhadores. Na terça-feira (25), Maggi se reuniu com representantes do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Anffa Sindical), da Associação dos Servidores da Agricultura (Ansa) e da Associação Nacional dos Técnicos de Fiscalização Federal Agropecuária (Anteffa) com esse objetivo. “Não estamos parados. A intenção é de que todos sejam ouvidos”, assinalou Maggi, lembrando que o Ministério do Planejamento autorizou contratar emergencialmente de 300 veterinários e a realização de um concurso público para 300 vagas de fiscal agropecuário.
Além dos presidentes da CNA e da FPA, participaram dirigentes da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), do IPA (Instituto Pensar Agro), da ABCS (Associação Brasileira dos Criadores de Suínos), da ABRAFRIGO (Associação Brasileira de Frigoríficos), da ACRIMAT (Associação dos Criadores de Mato Grosso), da OCB (Organização das Cooperativas do Brasil), e do SINDAN (Sindicato Nacional da Industria de Produtos para Saúde Animal), informa a assessoria.