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Manejo e prevenção da ferrugem da soja são desafios para sojicultores

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Só Notícias/Agronotícias (foto: arquivo/assessoria)

Apesar das condições climáticas desfavoráveis para a infecção da ferrugem-asiática da soja, nas últimas semanas, por causa da seca em algumas das regiões produtoras, o número de focos registrados pelo Consórcio Antiferrugem até o momento (110) é bem maior do que os relatados no mesmo período do ano passado (24 ocorrências de 16 de setembro a 19 de dezembro de 2017). “Isso está ocorrendo, provavelmente, porque houve condições que favoreceram a manutenção tanto de plantas voluntárias de soja (guaxas ou tigueras), quanto do fungo causador da ferrugem-asiática na entressafra e em várias regiões produtoras as precipitações possibilitaram a semeadura em setembro. Com isso, a ferrugem incidiu mais cedo que em outros anos, e com condições propícias para a sua proliferação”, explica a pesquisadora Claudine Seixas, da Embrapa Soja.

O elevado custo de controle da ferrugem-asiática e as perdas anuais de produtividade (média de U$ 2,8 bilhões por safra), assim como a constatação de resistência do fungo causador da doença aos fungicidas sítio-específicos e a redução da eficiência desses produtos trazem um alerta a todos os atores envolvidos na produção de soja. “Entendo que a informação qualificada, baseada em resultados de pesquisa, é a melhor ferramenta para que técnicos e produtores tomem as decisões mais acertadas para manejar essa doença, que é um dos maiores desafios fitossanitários para a cultura”, diz o chefe de Transferência de Tecnologias da Embrapa Soja, Alexandre Cattelan.

Para disponibilizar conteúdo amplo e atualizado a Embrapa Soja está incrementando o hotsite “Ferrugem da soja: Manejo e Prevenção”. A plataforma reúne os principais resultados de pesquisa, as informações sobre o manejo, os sintomas e a identificação da doença, a atuação do Consórcio Antiferrugem, publicações, notas técnicas e vídeos com depoimentos de pesquisadores da Embrapa e de parceiros apresentando diferentes abordagens.

De acordo com o pesquisador Maurício Meyer, da Embrapa Soja, o manejo da ferrugem está ancorado em três estratégias, o uso de cultivares com genes de resistência, medidas legislativas como o vazio sanitário e a calendarização da semeadura da soja e o uso de fungicidas.

A pesquisadora Claudine Seixas explica que o vazio sanitário é o período de, no mínimo, 60 dias sem plantas vivas de soja no campo. “O objetivo do vazio sanitário é reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem-asiática durante a entressafra e assim atrasar a ocorrência da doença na safra”, diz Claudine. No Brasil, 13 eEtados e o Distrito Federal adotaram essa medida, estabelecida por meio de normativas.

A pesquisadora explica que o fungo que causa a ferrugem-asiática é biotrófico, o que significa que precisa de hospedeiro vivo para se desenvolver e multiplicar. “Ao eliminarmos as plantas de soja na entressafra “quebramos” o ciclo da doença, reduzindo assim a quantidade de esporos (“sementes”) do fungo presentes no ambiente”, diz.

Essa medida prevê a determinação de data-limite para semear a soja na safra. É estabelecida por normativas estaduais, em sete Estados: Mato Grosso, Goiás,  Paraná, Santa Catarina, Tocantins, Bahia e Mato Grosso do Sul. “O objetivo da calendarização é reduzir o número de aplicações de fungicidas ao longo da safra e, com isso, reduzir a pressão de seleção para resistência do fungo aos fungicidas”, explica Maurício Meyer. Já foram constatados no campo populações menos sensíveis a fungicidas “triazóis”, “estrobilurinas” e “carboxamidas”.

Segundo Meyer, as semeaduras tardias de soja podem receber populações do fungo já no início do desenvolvimento da lavoura, o que exige a antecipação do uso de fungicidas e demanda maior número de aplicações. “Quanto maior o número de aplicações, maior a exposição do fungo aos fungicidas e maior a chance de acelerar o processo de seleção de populações resistentes a esses fungicidas”, reforça Meyer. “E apesar da contribuição dos fungicidas, a redução da eficiência dos produtos disponíveis no mercado vem sendo observada desde a safra 2007/08 em função da adaptação do fungo”, explica. “E, segundo a indústria química, não há perspectiva de novos princípios ativos de fungicidas nos próximos anos. Por isso, a aplicação dessas medidas restritivas se faz necessária enquanto não houver uma solução definitiva para o problema”, reforça.

A informação é da assessoria da Embrapa.

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