Mesmo nos anos de maior volume de investimentos em rodovias, o governo federal não desembolsou sequer 0,5% do PIB em melhorias da infraestrutura. O novo estudo da CNT, Transporte Rodoviário – Desempenho do Setor, Infraestrutura e Investimentos, mostra que desde 2004, os anos de 2010 e 2011 registraram o maior investimento federal na malha rodoviária: 0,26% e 0,25% do PIB, respectivamente.
Além de serem insuficientes para solucionar todos os gargalos, os recursos vêm diminuindo ao longo dos anos, o que contribui para gerar situações como buracos na pista, sinalização precária, traçado perigoso – aumentando, assim, o risco de acidentes e os custos operacionais do transporte. “O percentual de investimentos do governo federal em rodovias em relação ao PIB do país sempre foi pífio. Em 2016, chegou a 0,14%. Isso restringe as possibilidades de melhoria da malha”, afirma o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista.
O modal rodoviário é responsável pela maior parte do transporte de cargas do país e pela maior parte dos descolamentos de pessoas. Com isso, na avaliação da CNT, torna-se ainda maior a urgência para solucionar os gargalos. “A malha rodoviária brasileira é a infraestrutura de transporte mais disponível em todas as regiões, mas, ainda assim, não cresce há um tempo. A demanda continuada de tráfego e os recursos escassos para manutenção e expansão levam a uma deterioração da infraestrutura instalada em uma velocidade elevada”, considera o diretor-executivo.
Os valores do investimento público federal correspondem aos investimentos realizados pela União (Total Pago = Pago + Restos a Pagar). Fonte: Elaboração CNT com dados do Siga Brasil e do IBGE.
Orçamento
A crise econômica, que atingiu o país a partir de 2014, repercutiu no orçamento do governo. Em 2016, o montante autorizado de recursos para o transporte rodoviário (R$ 6,56 bilhões) representou 69,1% do montante autorizado em 2015 (R$ 9,37 bilhões). Em 2015, o governo federal conseguiu desembolsar R$ 5,95 bilhões dos R$ 9,37 bilhões autorizados (63,5%). Os R$ 3,42 bilhões não gastos poderiam ter financiado a manutenção de cerca de 11 mil km de rodovias.
A análise dos investimentos federais, divulgada no novo estudo da CNT, mostra também que, em 2016, o valor total pago pelo governo federal (R$ 8,61 bilhões) está acima do montante autorizado (R$ 6,56 bilhões). Isso se deve ao pagamento de restos a pagar de anos anteriores realizados em 2016, o que não significa, necessariamente, que as rodovias geridas pela União receberam mais intervenções.