Os deputados da Comissão de Minas e Energia da Câmara defenderam hoje, em audiência pública, uma ação política coordenada para mudar o fato de que o Brasil tem que importar 80% dos insumos para a fabricação dos fertilizantes que consome. De acordo com os convidados ouvidos, a dependência, que chega a 95% no caso do potássio, deixa os agricultores a mercê da produção de poucos países.
José Carlos Polidoro, da Embrapa, disse que o Brasil tem produção suficiente para apenas uma safra. “Quem milita no tema há muito tempo sabe o que aconteceu em 2008. Que foi só ter um probleminha lá na Rússia com a jazida de potássio deles. Pisaram no tubo lá dos 4 grandes fornecedores de potássio. E o preço de todos os fertilizantes NPK praticamente dobraram da noite para o dia. Isso aconteceu num ano. Voltou ao normal? Voltou. Mas é um alerta que nós temos que ter”, disse.
Ao mesmo tempo, o deputado Reinhold Stephanes (PSD-PR) lembrou que o país tem grande potencial de exploração, sendo que o Amazonas pode conter a terceira reserva de potássio do mundo. Segundo Vicente Lôbo, do Ministério de Minas e Energia, faltam investimentos no setor que poderiam ser atraídos tanto com incentivos fiscais quanto com a exigência de contrapartidas das empresas que adquirem áreas de exploração.
O deputado Ronaldo Benedet (PMDB-SC) disse que também existe uma ação de grupos estrangeiros contra a exploração de áreas como a Renca, Reserva Nacional de Cobre e Associados, no norte do Pará, que tem reservas de fosfato; e Anitápolis, em Santa Catarina, que também tem o mineral.
“Fizeram um ‘auê’ em cima da questão ambiental e não deixaram nós termos a nossa autossuficiência em fósforo, que é a nossa reserva lá de Anitápolis. Com argumento de que destruía a natureza, não ia mais ter água. Engenharia ambiental e estudos ambientais existem para você aprender, você saber usar a natureza com todas as técnicas de mineração. Se fosse assim, não pode mais ter mineração em lugar nenhum do mundo”, afirmou o parlamentar.
Em Anitápolis, a ONG Montanha Viva conseguiu uma liminar judicial contra o projeto de retirada do fosfato, alegando riscos ambientais e sociais. Já a Renca teve sua abertura anunciada este ano pelo governo, mas a decisão foi revista após uma intensa repercussão negativa entre os ambientalistas.