O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, se reuniu nesta quinta-feira, com líderes dos países que formam o BRICs- Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul para o 10º encontro de cúpula, e busca derrubar os embargos russos à carne suína e bovina brasileira. As restrições anunciadas sob argumento de que haviam sido encontradas substâncias como estimulantes nos produtos brasileiros exportados para a Rússia já duram quase seis meses. Ele busca convencer os líderes da Rússia e China que “todos os pleitos da Rússia foram atendidos e estão vigentes”. China e Rússia estavam entre os grandes compradores de carne brasileira.
No encontro com os líderes, Blairo disse que o Brasil “está pronto e disposto a contribuir para a garantia da segurança alimentar mundial enquanto incorpora, no centro de sua estratégia, os princípios de desenvolvimento sustentável. Por meio do Programa de Agricultura de Baixo Carbono, o Governo do Brasil busca aumentar a capacidade de adaptação dos agricultores brasileiros às mudanças climáticas. O Programa ABC incentiva o emprego de técnicas como o plantio direto na palha – que, além de causar reduzido impacto ambiental, apresenta resiliência a mudanças climáticas – e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, que cria microclimas sob as sombras das árvores, diminuindo as temperaturas às quais os rebanhos são submetidos, além de aumentar a renda dos produtores rurais. A Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, contribui para o esforço de adaptação da agricultura tropical às mudanças climáticas. São desenvolvidas variedades vegetais resistentes às novas condições climáticas globais, diminuindo a vulnerabilidade da produção agropecuária a eventos meteorológicos intensos, e promove-se a conservação de recursos genéticos ameaçados pelas alterações ambientais”.
O ministro também reforçou que o Brasil consegue “produzir alimentos, fibras e bioenergia mantendo preservados mais de dois terços do território nacional. E, a cada dia, produzimos mais no mesmo espaço. Não fossem os ganhos de produtividade das últimas quatro décadas, seria necessário o triplo da área atual para se produzir os 230 milhões de toneladas de grãos, que é a safra prevista para este ano. Todo este esforço, entretanto, não resultaria no desenvolvimento econômico, social e ambiental que vivenciamos se, concomitantemente, não houvesse alcançado avanços importantes na saúde animal e vegetal que permitissem oferecer as garantias de sanidade e de qualidade exigidas pelos países importadores de carnes, grãos e outros produtos de origem brasileira. Esse trabalho nos trouxe reconhecimento internacional de status livre das principais doenças e pragas. Como parte desse reconhecimento, recentemente, eu tive a honra de receber, em nome do Brasil, o certificado internacional de zona livre de febre aftosa, na Organização Internacional de Saúde Animal”, emendou.
“Esse alto padrão ambiental e sanitário tem um custo econômico. Os exigentes compradores globais precisam ser informados sobre todos os aspectos da produção dos alimentos, desde a sua origem nas fazendas até o seu consumo na mesa das famílias. Precisamos esclarecer a opinião pública mundial a respeito da qualidade sanitária dos produtos agropecuários oficialmente certificados mas também sobre os aspectos ambientais, econômicos, sociais e trabalhistas adotados na produção e processamento’, acrescentou, em seu discurso.
Blairo Maggi disse que é preciso ” ficar atentos à nova geração de obstáculos ao comércio mundial, que muitas vezes não se baseiam em ciência e ameaçam nossa posição de atores globais na produção e comercialização de alimentos. Devemos, sobretudo, todos primar pelo respeito às regras da Organização Internacional da Saúde Animal e do Codex Alimentarius, sem o qual não se constrói confiança mútua”.