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Algodão: quebra de safra 2015/16 e maior volume contratado elevam preço

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Após acumular forte elevação de 35% em 2015, os preços do algodão seguiram em alta na maior parte de 2016, fechando o ano com aumento de 22,69%. Segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o impulso veio da baixa disponibilidade de pluma no mercado doméstico, visto que boa parte da safra 2015/16 foi comprometida antecipadamente e houve uma inesperada quebra na colheita desta mesma temporada.

Em 2016, a média do Indicador CEPEA/ESALQ com pagamento em 8 dias, referente à pluma 41-4, posta em São Paulo, foi de R$ 2,5723/lp, 22,5% superior à de 2015. A maior média mensal de 2016, de R$ 2,7632/lp, foi observada em maio, e a menor, de R$ 2,5231/lp, em setembro (atualizados pelo IGP-DI de Dez/16).

A quebra na produção nacional da safra 2015/16 esteve atrelada ao clima desfavorável. A falta de chuvas no período de semeio da pluma, devido à influência da La Niña, e precipitações no final do ciclo atrasaram a colheita do algodão e resultaram em perdas nas lavouras, especialmente na Bahia. Como boa parte da pluma estava contratada com os mercados interno e externo, alguns produtores enfrentaram problemas de entregas de cargas e de qualidade na safra 2015/16.

Segundo dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) tabulados pelo Cepea, 72% da safra brasileira 2015/16, estimada em 1,289 milhão de toneladas, havia sido comercializada até dia 29 de dezembro. Do total, 51,2% foram direcionados ao mercado interno e 48,8%, ao externo.

Quanto aos preços, de acordo com dados do Cepea, após a expressiva alta registrada em janeiro, caíram entre fevereiro e março, influenciados pelo menor interesse comprador. A baixa disponibilidade interna e a demanda firme voltaram a elevar as cotações em abril, quando o Indicador acumulou forte alta de 10% no mês. Já em junho, os valores se enfraqueceram, devido à postura retraída de indústrias, que estavam à espera de preços menores com o avanço da colheita da safra 2015/16. Naquele período, vendedores ofertavam os últimos lotes da temporada 2014/15 e pouco volume de algodão recém-colhido da nova safra.

Assim, no início do segundo semestre, boa parte dos cotonicultores esteve focada na colheita e no beneficiamento do algodão 2015/16, dando preferência ao atendimento de contratos, cenário que voltou a sustentar os preços da pluma. Naquele momento, muitos cotonicultores já estavam apreensivos quanto à menor produção da temporada. Indústrias, por sua vez, alegavam dificuldades no repasse da alta nos valores do algodão aos derivados.

Em agosto, a valorização do Real frente ao dólar e o aumento nos preços internacionais fizeram com que tradings elevassem a oferta da pluma no mercado doméstico, o que resultou em novas quedas nas cotações. Com isso, indústrias e comerciantes aproveitaram para realizar novas aquisições. A liquidez só não foi maior nesse período porque problemas com a qualidade limitaram os fechamentos – inclusive, houve desaprovação e devolução de produtos contratados. Já nos últimos quatros meses de 2016, o movimento foi de alta, devido ao aquecimento na demanda.

Em termos agregados, em 2016, a média anual do Indicador superou em 16,1% a paridade de exportação, contra 4,6% em 2015. Assim, diferente de 2015, tradings estiveram mais ativas para negociações no mercado brasileiro em boa parte de 2016.

Para os derivados, segundo o IBGE, os últimos dados divulgados (novembro/16) apontam que a produção industrial do setor de fabricação de produtos têxteis acumula alta de 15,08% na parcial de 2016 e de 3,11% se comparada à de novembro/15. Já no setor de confecção de artigos de vestuário e acessórios, houve aumento de apenas 0,74% em 2016, mas elevação de 3,44% em 12 meses – o setor registrou o pior desempenho em maio/16.

Exportações – Em 2016, foram exportadas 804,9 mil toneladas de pluma brasileira, 3,51% abaixo do volume embarcado em todo o ano de 2015, segundo dados da Secex. O faturamento de 2016 foi de US$ 1,2 bilhão, 5,79% inferior ao de janeiro a dezembro de 2015. Em Reais, a receita foi de R$ 4,2 bilhões, contra os R$ 4,3 bilhões de 2015 – considerando-se a média anual do dólar. No acumulado de 2016, o preço médio em dólar, de US$ 0,67531/lp, recuou 2,7% em relação ao ano anterior, sendo o menor desde 2010.

Importações – Foram adquiridas 27 mil toneladas de pluma de janeiro a dezembro de 2016, quase 13 vezes acima do volume total de 2015, de apenas 2,1 mil toneladas, de acordo com a Secex. Esse resultado esteve atrelado aos menores preços de importação que em 2016, tiveram média de US$ 0,8381/lp, a mais baixa desde 2011.

Conab – A produção brasileira da safra 2015/16 caiu 17,5% frente à anterior, somando 1,35 milhão de toneladas, a menor em três temporadas. A queda de 15,7% na produtividade média, devido ao clima desfavorável, e a diminuição de 2,2% na área semeada influenciaram esse resultado. Em Mato Grosso, maior produtor nacional, mesmo com o aumento de 6,2% na área semeada, a produtividade média recuou 10,5%, gerando produção de 880,5 mil toneladas, 4,5% menor que a da safra anterior. Na Bahia, a Conab estimou forte recuo de 43,1% na produção 2015/16, somando 247,3 mil toneladas. A produtividade baiana caiu 32% e a área cultivada diminuiu 16,3%.

Internacional – Em 2016, o primeiro vencimento negociado na Bolsa Nova York (ICE Futures) acumulou alta de 10,44%, fechando a US$ 0,7065/lp no dia 30. Já o Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) subiu 11,26% (até dia 29 de dezembro). O dólar teve média de R$ 3,4809 em 2016, 4,4% acima da de 2015 – vale lembrar que, no dia 21 de janeiro, o dólar atingiu o maior patamar desde junho/96, de R$ 4,153. Em 2016, a média da paridade de exportação na condição FAS (FreeAlongsideShip), porto de Paranaguá (PR), foi de R$ 2,2132/lp, 9,9% superior à de 2015 (R$ 2,0141/lp).

USDA – A produção mundial 2015/16 foi estimada em 21 milhões de toneladas, queda de 19% frente à temporada 2014/15 e a segunda menor desde 2003/04. Esse recuo foi reflexo da redução do volume em praticamente todos os países produtores, exceto a Austrália, que elevou em 13%. Para os quatro maiores produtores mundiais, as quedas na produção foram estimadas em 10,5% para Índia, em 26,7% para China, em 21% para os Estados Unidos e em 34% para o Paquistão.

Já o consumo mundial foi estimado em 24,227 milhões de toneladas, apenas 0,1% inferior ao da safra 2014/15. A demanda cresceu apenas para a China (2,9%), Turquia, Bangladesh e Vietnã. A comercialização global 2015/16 também foi reduzida. As importações foram estimadas em 7,668 milhões de toneladas, recuo de 2,3% frente à temporada 2014/15, e as exportações, em 7,66 milhões de toneladas, diminuição de 0,4%. O estoque final da safra 2015/16 está estimado em 21,076 milhões de toneladas, baixa de 13,3% em relação à safra anterior. O volume foi pressionado pela significativa queda de 13% no estoque chinês, de 18,8% nos da Índia e de 18,2% nos do Brasil.

Fonte: Cepea

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