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Sob império da gaveta

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Lendo, como sempre faço, os textos dos internautas que SÓ NOTÍCIAS publica, achei interessante a sigla PBQP-H. Nunca tinha visto e nem teria como interpretá-la, pois é parecida com prefixo de avião ou de rádio amador, coisas das quais não entendo nada.

Lembrei-me no entanto que este é o país das siglas: os governantes e seus servidores fazem as leis, criam os órgãos, dão-lhes nomes e o resumem em uma simples sigla. Assim é o INSS, IBAMA, INCRA, CIDE, DEM, PSDB, etc. A sigla nem sempre representa a personalidade do órgão.

Inventada a sigla, geralmente depois de meses de “profundos estudos”, o governante contrata uma empresa de divulgação e gasta milhões para divulgá-la, na maioria das vezes, acompanhada de um símbolo.

Descoberto e divulgado o resumo do nome, a lei, o projeto e outras promessas mais, vão para a gaveta, que reputo a maior invenção do mundo. E realmente é, pois o tapete já não é o melhor esconderijo do lixo. A gaveta, de preferência com chave, é o esconderijo da desorganização, da preguiça e das mutretas.

Mas as siglas perduram: mais da metade dos servidores da previdência social não sabe o que significa INSS; assim como os agraristas pendurados no Governo, não sabem o que seja INCRA.

Esquecido o órgão, sua finalidade seu nome, perdura a sigla, que as pessoas interpretam de qualquer forma: INCRA, por exemplo, poderia ser: Infelizmente Nada Conseguimos Realizar na Amazônia; aquele órgão da previdência, anterior ao INSS, o INPS, poderia ter sido, como o foi o Instituto Nacional de Propagação do Sofrimento.

Já dizia um deputado federal gaúcho, o Antonio Brezolin, que esses órgãos são gaveteiros e bolorentos. E o são. Seus chefes quando procurados estão sempre em reunião; mas se alguém entrar de “sopetão” , verá que eles estão contando anedotas, falando de amantes e farras, com os pés sobre mesas e alguns deitados no sofá. Eles realmente adoram um ácaro, um bolor e gavetas, muitas gavetas.

Esse aparelho é o organizador da burocracia e o sustentáculo da democracia brasileira, que sustenta pilantras e oprime o povo. Pois é bom lembrar que na horrível e nojenta ditadura militar, os princípios democráticos estavam mais presentes do que na Democracia em que todos os poderes dedicam-se exclusivamente às coisas particulares de seus integrantes: salários, corrupção, manobras, nepotismos, propinas, tráfico de influencia, etc. Para o povo, talvez menos de 1/10 do tempo deles e ainda para massacrar mais. Essa é a democracia das siglas e das gavetas. Uma ditadura indigna dos piores ditadores que o mundo conheceu. Nero ainda dava “pão e circo” a seu povo, apesar que alguns por aí também dão, em retribuição ao superfaturamento de obras e serviços.

Este país de tantas siglas impertinentes, não é democrático, apesar de seu povo votar, mas votar em quem a propaganda enganosa manda. Votar sempre no pior, porque empresas especializadas transformam demônios em anjinhos.
Desconfio dessa democracia, onde qualquer um pode ser o que quiser, basta ter dinheiro. Com dinheiro, compra os votos, compra os recursos nos tribunais, e jamais é tirado da administração pública, mesmo depois de condenado. Quando o cidadão comum, terá todo esse beneplácito? Jamais, simplesmente, por que o cidadão, nunca vai conseguir entrar nessa luxurienta corte. A propósito de corte, os integrantes das verdadeiras cortes, filhos de reis e imperadores, são preparados desde o berço para serem governantes. São treinados e educados para tanto. Na nossa democracia, o indivíduo sai da cadeia para o poder. Ou sai do poder e vai para a cadeia, onde fica algumas horas se aperfeiçoando e já volta ao poder novamente.

É uma tragédia inominável. E nós dê-lhe pagar impostos para sustentar essa raça perversa que não acabará nunca, pelos votos.

Por fim, acho que o melhor seria aposentar todo o funcionalismo do país e começar tudo de novo, com outro sistema, onde a nomeação não adviesse somente de “um nome limpo”, e uma consciência suja. Aposentar todos. Os maus, porque não saem de jeito nenhum. Os bons, porque fecham os olhos para as coisas que os maus fazem: “não sabia de nada”. Se forem aposentados, só com o dinheiro da corrupção, dá para contratar umas duas vezes mais servidores…

Luiz Pinheiro é advogado

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