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Novos discursos – II

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Recebi vários retornos acerca do artigo da semana passada, considerando os caminhos por onde serão construídos os discursos das eleições deste ano, em escala nacional e também na estadual. O assunto de fato é palpitante, porque vai definir a pauta a que todos nós estaremos sujeitos daqui a pouco. Por, isso, voltemos a ele.

Quem costuma ter a senha para definir a pauta de debates eleitorais é o grupo majoritário ou hegemônico. O governo Lula já começa dar a dica de como pretende fazer isso. Pela primeira campanha publicitária do Governo este ano, e também pela polêmica entrevista do dia 1º, Lula deve basear seu discurso pela reeleição na consolidação da economia estável, redução do chamado risco Brasil, e também no aumento dos empregos com geração de renda.

A peça que está no ar (aliás, muito didática e comunicativa) diz sinteticamente o seguinte: “Para se gerar emprego e renda deve-se vitalizar a economia. O governo Lula fez investimentos em pequenos e médios negócios, aumentando o emprego e melhorando a renda. Agora, é o emprego e a renda que estão movimentando a economia. E quando a economia vai bem, gera-se mais emprego e renda…”.

Disso pode-se deduzir que a velha cantilena petista da ética e da moralidade pública sequer será lembrada nos palanques desse ano. Fará o discurso do desenvolvimento seguro, com geração de emprego e renda. E os adversários, que sempre fizeram esse discurso – e também por suas práticas históricas -, não terão muita condição de fugir disso, muito menos querer cobrar ética e moralidade do governo petista. Deverão tentar, mas a chance de êxito será mínima.

Já no Estado, chama a atenção uma declaração dada pelo secretário da Casa Civil, Luiz Antonio Pagot, na semana passada, de que o novo paradigma de Mato Grosso não é mais o agronegócio, mas sim o desenvolvimento tecnológico. Os produtores chamam a isso de “segundo ciclo econômico”, para lembrarmos das declarações do ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Otaviano Pivetta.

Algo como romper com a estrutura primário-exportadora do ciclo dos grãos para se pensar na fundação de uma indústria de transformação dessa produção primária. Para isso, precisa-se não apenas de investidores interessados, mas de condições adequadas, como infra-estrutura, transporte e mão de obra qualificada. Aqui entra essa necessidade de investimento tecnológico.

É igualmente um discurso que tenta fazer a roda girar pra frente, dando um sentido de continuidade não apenas ao Estado, mas, sobretudo, ao Governo Maggi, eleito em 2002 com a bandeira da eficiência da gestão empresarial.

Em ambos os casos (Lula e Maggi), os discursos do bloco majoritário enfrentarão uma opinião pública refratária. No primeiro caso, o elemento fundamental é que, embora majoritário, Lula e o PT não são hegemônicos. Antes de pelo contrário, possuem uma oposição orgânica, atuante e com forte influência sobre os meios de comunicação e, via de conseqüência, sobre a opinião pública.

Blairo é majoritário e hegemônico, mas precisa se convencer a si mesmo, antes, que o agronegócio já era em Mato Grosso, e depois que será capaz de fazer um governo de fato diferente do que está fazendo e dos outros que o antecederam. A discussão está apenas começando.

KLEBER LIMA é jornalista e Consultor de Comunicação da KGM – SOLUÇÕES INSTITUCIONAIS. [email protected]

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