O juiz da Vara Única de Porto do Gaúchos (246 quilômetros de Sinop), Rafael Depra Panichella, acatou a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) contra o agricultor, Paulo Faruk de Moraes, de 61 anos, que responderá por homicídio com motivo fútil, mediante recurso que dificultou a defesa do engenheiro agrônomo, Silas Henrique Palmieri Maia, de 33 anos. “Ao verificar o conteúdo fático constante no procedimento inquisitorial, constato que o denunciado portou a arma de fogo unicamente como instrumento para a execução do homicídio”, consta no trecho da decisão do magistrado. Paulo deve ser submetido a júri popular em data que ainda será marcada.

Ainda de acordo com o MP, após praticar o crime o agricultor dirigiu tranquilamente sua Ford F-350 prata, que estava estacionada. Durante esse trajeto a todo momento observava o local em que a vítima estava caída ao solo para constatar se esta havia falecido. Na sequência, fugiu pela MT-338 em direção a Porto dos Gaúchos.
“Paulo teria praticado o crime em razão de sua irresignação com os atos de fiscalização e cobrança realizados por Silas, na condição de funcionário da empresa, que na companhia de um funcionário teriam descoberto um suposto desvio da produção ofertada pelo acusado como garantia a uma dívida anterior com a empresa em Sinop”.
Em depoimento, o funcionário contou que Silas mandou uma mensagem para que eles pudessem vistoriar a área, constatar o montante já colhido da safra dada em garantia pela dívida com a empresa. No entanto, antes mesmo de se deslocar à comunidade, ele recebeu uma nova mensagem de Silas, informando que a sua entrada seria barrada por Paulo.
No dia seguinte, eles foram autorizados a entrar na propriedade e fiscalizar a colheita, quando “averiguaram uma desproporção da área já colhida e a quantidade de sacas de soja já entregues aos armazéns da empresa para a quitação do débito, motivo pelo qual haveriam de contatar a empresa para alertá-la do ocorrido, visando a adoção das providências cabíveis. Silas teria dito que seria necessário o arresto dos grãos da propriedade do acusado bem como que a venda somente poderia ser realizada com autorização da empresa, pois havia suspeita de desvios da soja colhida para terceiros.
Não é apontado o montante financeiro da dívida que Paulo tinha com a empresa e que seria quitada em sacas de soja.
Paulo Faruk se apresentou espontaneamente quatro dias depois do crime. Em depoimento ele confessou ter assassinado e apontou que estava se sentindo “pressionado” por Silas Henrique.
Desde então, está preso na cadeia de Porto dos Gaúchos. Silas foi sepultado no Mato Grosso do Sul.


