
Cogitada desde outubro do ano passado, quando foram eleitos 13 deputados estaduais pelos partidos de oposição ao governo Pedro Taques (PDT) e 11 pela base governista, a apresentação de dois grupos de candidatos aos sete cargos da mesa diretora da Assembleia nunca foi o desejo da maioria dos parlamentares.
Embora quase todos, até mesmo boa parte dos reeleitos, venham defendendo a renovação do comando do Poder, a intenção sempre foi a de unir todos os parlamentares, ou pelo menos a grande maioria – de forma a inibir a formação de uma segunda chapa – em torno de uma única candidatura.
O argumento é basicamente o mesmo entre eles: um racha dentro da Casa Legislativa em um momento de transição de governos não seria positivo para o Estado. Até aqueles poucos, como o republicano Emanuel Pinheiro, que defendiam a disputa como algo, sim, positivo para a democracia, também concordavam que o consenso não seria uma opção ruim.
A busca por essa união teve início com o deputado Guilherme Maluf (PSDB), que na última sexta-feira (23) teria recebido a “benção” do Executivo para concorrer à presidência. Desde que apresentou seu nome, o tucano conseguiu, além de desmotivar uma candidatura da ala de oposição, reunir parlamentares dos dois grupos em prol de uma Assembleia voltada à governabilidade da nova gestão Estadual.
Maluf se uniu a Mauro Savi (PR) e Romoaldo Júnior (PMDB), que no ano passado já haviam anunciado o objetivo de serem eleitos presidente e primeiro-secretário, respectivamente. Enquanto o peemedebista recuou ao ponto de não ter cargo garantido na mesa diretora, o republicano concordou em continuar na primeira secretaria para apoiar o tucano.
Mesmo sendo membro da base governista, Maluf só não conseguiu, logo de início, convencer o governador que este seria o melhor caminho. Pedro Taques sempre simpatizou mais com o grupo adversário, que reunia mais parlamentares eleitos pelos partidos que lhe apoiaram na eleição do ano passado.
O bloco, no entanto, sempre esteve longe da vitória. Nem mesmo a decisão do deputado eleito Eduardo Botelho (PSB), então candidato a presidente, de recuar para o posto de primeiro secretário, cedendo a cabeça da chapa para atrair Emanuel Pinheiro e seus três correligionários (com exceção de Mauro Savi), foi capaz de dar chances reais de vitória ao grupo.
Nas últimas semanas, eles até teriam conseguido empatar a disputa, mas a medida ainda não era suficiente. Maluf é mais velho que Emanuel e, de acordo com o Regimento Interno da Assembleia, venceria a eleição em caso de empate. Além disso, mesmo sendo aliado de longa data de políticos bem próximos a Taques, como é o caso do prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), Emanuel Pinheiro ainda é um deputado eleito por um partido de oposição. O governador teria dado preferência por ter um presidente no Legislativo de sua base governista.
Apesar de adversárias, as duas chapas que haviam se formado para a disputa da Mesa Diretora sempre demonstraram muitas semelhanças. Ambas eram formadas por parlamentares de oposição e situação e defendiam praticamente as mesmas ideias. A principal delas é acabar com a reeleição do presidente e do primeiro-secretário do Legislativo.
Com o fim do mandato do deputado estadual José Riva (PSD), que nos últimos cerca de 20 anos se revezou com aliados – ora Humberto Bosaipo, ora Sérgio Ricardo (ex-deputados) – entre estes dois cargos, o desejo quase que unânime entre os parlamentares eleitos é o de buscar mecanismos para evitar que isso volte a ocorrer. O jeito encontrado foi proibir que o presidente e o primeiro-secretário se candidatem a qualquer outro cargo da Mesa nas eleições subsequentes de uma mesma Legislatura.
Aliás, a quantidade de eleições durante os quatro anos de mandato dos deputados estaduais também deve ser discutida. Emanuel Pinheiro defende um pleito a cada ano, embora a maioria, segundo ele próprio, e que inclui Guilherme Maluf, ainda queira manter o sistema de biênios.
Outro ponto a ser discutido é a função dos demais cargos da Mesa. Atualmente, além do presidente e primeiro-secretário, são eleitos os primeiro e segundo vice-presidentes e mais três secretários. Todos estes outros postos, no entanto, têm hoje como função apenas a substituição, em caso de vacância do cargo “titular”. Os parlamentares querem mais atribuições para estes membros da chapa.
Todas as propostas têm como pano de fundo o discurso de renovação dos Poderes e da forma de governar, que ganhou força com a eleição de Pedro Taques. Nesse sentido, a redução de gastos e divulgação de onde e como o dinheiro público é aplicado também devem pautar o novo presidente da Assembleia, seja ele quem for.
A única divergência quanto a isso seria o tema redução do duodécimo, fixado para o ano de 2015 em algo aproximado a R$ 34 milhões. Enquanto parte dos deputados defende que o valor pode ser cortado em até 20%, outros preferem continuar com o montante total, mas investi-lo de uma forma a melhor atender a sociedade.Com a provável união das duas chapas tendo que ser definida ainda nesta semana, a tendência é que estes temas sejam melhor discutidos após a eleição.


