Neste dia 10, estamos encerrando a campanha de 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher e o que fica não são apenas os eventos, oficinas e diálogos promovidos ao longo desse período, o que fica é a certeza de que ainda precisamos falar, agir e nos posicionarmos com firmeza contra a violência que atinge tantas mulheres. Foram dias de trabalhos intensos com estudantes, profissionais da educação, grupos de mulheres e comunidade, sempre guiados pela informação, pela escuta e pelo acolhimento. Porque transformar a sociedade exige consciência, coragem e continuidade.
A raiz da violência, muitas vezes, está no silêncio. Falta informação para muita gente. Falta diálogo dentro das famílias. Falta olhar para a criança que cresce em um ambiente onde o machismo se impõe como regra e a agressão aparece como “normalidade”. Uma sociedade que não educa para o respeito produz adultos que acreditam que podem controlar, dominar e ferir. E ninguém é dono de ninguém. Desde cedo, é preciso ensinar que amor não combina com medo; que família não se constrói com gritos e que violência não é destino, é crime.
Entre tantos outros que já aconteceram, o caso recente que chocou Lucas do Rio Verde, o feminicídio brutal de Gleici Oliboni, ferida com crueldade pelo próprio marido, que ainda tentou tirar a vida da filha de apenas 7 anos, é um lembrete doloroso de que essa luta está longe de terminar. A filha mais velha de Gleici, agora responsável pela irmã mais nova que sobreviveu ao terror, revelou a difícil rotina de cuidados médicos, psicológicos e emocionais que a criança enfrenta. E esse sofrimento não pode ser ignorado. Ele precisa pesar nas decisões do sistema de justiça.
Nenhuma justificativa, nenhum laudo e nenhuma interpretação podem diminuir o horror do que aconteceu. Não se trata apenas de um caso isolado; trata-se de um símbolo de tudo aquilo que o Brasil ainda precisa enfrentar com mais seriedade, humanização e rigor. Cada mulher morta, ferida ou silenciada representa uma falha coletiva.
Por isso, os 21 Dias de Ativismo não podem ser apenas um calendário. Precisam ser compromisso permanente. Precisam se traduzir em políticas fortes, educação transformadora, rede de proteção atuante e, sobretudo, penas mais duras e justiça efetiva. Gleici merece justiça. Todas as mulheres merecem justiça. E cada vida salva será o resultado direto do que fizermos, ou deixarmos de fazer, a partir de agora.
Essa luta não termina aqui. Seguiremos firmes, comprometidas e em movimento, fortalecendo a rede de proteção, acolhendo mulheres e atuando diariamente para que histórias como essa jamais se repitam.


