Todos os dias, homens e mulheres despertam carregando novos desejos. É natural buscar mudanças, abrir caminhos ou tentar viver de forma diferente. No entanto, ao anoitecer, muitos se frustram ao perceber que seguiram impulsos emocionais que os desviaram do rumo. Permanecer preso ao passado impede que novas escolhas se firmem, sobretudo quando a razão insiste em contrariar o que o coração tenta indicar.
Há um entendimento necessário: aquilo que é maior do que os nossos sonhos não pertence apenas a nós. Grandes acontecimentos são coletivos, fogem ao controle individual. Por isso, não podemos determinar o modo como tudo se desenrola. Quando compreendemos que somos donos apenas de pequenas partes do mundo, aceitamos que os objetivos só se concretizam após o despertar da consciência. O contrário costuma vir mascarado de promessas sedutoras, porém incompletas — sejam perdas, conquistas, dores, doenças ou novos amores. É somente com consciência plena que aprendemos a superar obstáculos e evitar tropeços desnecessários.
Mais do que traçar objetivos, é preciso coragem para segui-los. Cada escolha exige o abandono do conforto e da inércia. As decisões também sofrem interferência de conselheiros eventuais, muitas vezes distantes da nossa realidade. Se houvesse mais atenção ao que o coração revela, muito ruído seria evitado — principalmente o causado por opiniões que contaminam com dúvidas, insegurança e esperas sem sentido.
As conquistas do passado devem ser celebradas, mas a vida segue. O perigo está em permanecer parado por reverência excessiva ao que já foi vivido. É essencial não perder o amanhecer das novas oportunidades. As respostas que buscamos raramente estão na escuridão dos pensamentos, e sim nas decisões tomadas sem influências externas. O recomeço — seja no início ou no final da vida — depende da luz e da serenidade construídas ao longo do caminho.
E há um último alerta: não tenha medo do irreal. É justamente ele que alimenta os sonhos e impulsiona a caminhada.


