De jaleco, nariz vermelho e um sorriso largo, um grupo de acadêmicos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Campus Sinop vem mudando a rotina de pacientes, profissionais da saúde e crianças em situação de vulnerabilidade, através do ‘Doutores da Diversão’, um projeto de extensão que está há um ano em andamento.
A iniciativa reúne cerca de 18 acadêmicos dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia e Medicina Veterinária, que se encontram uma vez por mês na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e no Abrigo Menino Jesus. Durante as visitas, cada aluno se transforma em um personagem, os “doutores”, e coloca em prática o que há de mais essencial na saúde: o cuidado com o outro.
Idealizado dentro do ambiente acadêmico, o projeto foi criado por um grupo de alunos que sentiu falta de algo que unisse afeto e conhecimento técnico. À frente da coordenação está a estudante do 6º semestre de Medicina, Mariana Hermenegildo, que dá vida à carismática doutora Maricota. “O projeto nasceu da vontade de fazer a diferença. Antes de entrar na Medicina, assisti ao filme Patch Adams, que popularizou a palhaçaria hospitalar, e fiquei encantada. Quando cheguei à faculdade, percebi que não existia nada parecido e decidi, junto com outros colegas, criar um projeto que olhasse com carinho para as pessoas mais esquecidas e vulneráveis”.
O grupo iniciou suas atividades no Abrigo Menino Jesus, oferecendo música, contação de histórias, aulas lúdicas e brincadeiras educativas. “O abrigo tem uma estrutura excelente, mas depende do trabalho voluntário para garantir mais oportunidades às crianças. Lá, damos aulas e criamos momentos de aprendizado afetivo. Já na UPA, atuamos como figuras de entretenimento, levando humor e acolhimento a pacientes e profissionais da saúde”, explicou, através da assessoria da universidade.
Nas visitas à UPA, o grupo transforma a rotina hospitalar com doses de bom humor e empatia. A coordenadora explica que o próprio corpo técnico da unidade convidou o projeto para participar das atividades, reconhecendo a importância de humanizar o ambiente médico. “Foi um convite inesperado e muito especial. Eles sentiram falta de um momento leve no dia a dia e perceberam que o riso é uma forma poderosa de cuidado. Os profissionais sempre falam que nossas visitas mudam o clima do lugar, que aquele momento de descontração faz diferença”.
Entre os rostos pintados e figurinos coloridos, está também a colega de Mariana e aluna do 6º semestre de Medicina, Ana Carolina Ribeiro, conhecida como a Doutora Moranguinho. Para ela, o projeto é mais que uma atividade acadêmica, é uma experiência de crescimento humano. “Sempre fui apaixonada por circo desde criança. Quando entrei na Medicina e descobri o projeto, percebi que poderia unir minhas duas paixões: lidar com crianças e levar alegria através da arte. Entrar para os Doutores da Diversão foi uma das melhores escolhas que fiz na faculdade”.
Vinda do Rio de Janeiro, ela conta que o projeto também representa pertencimento. “Estar longe da família é difícil, mas o grupo se tornou uma segunda casa. As semanas em que temos ação são as melhores. Viramos realmente uma família, e a Mariana é uma coordenadora incrível. A gente se apoia, ri junto e se fortalece”.
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