Foi lançada, hoje, pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), a publicação sobre mercúrio na Amazônia, mapeando redes criminosas transnacionais e os desafios para o combate a este tipo de crime. No Brasil, não há mineração de mercúrio ou jazidas do metal economicamente viáveis, de modo que todo mercúrio utilizado no país é trazido de fora, de forma legal ou ilegal. De acordo com o relatório, Mato Grosso é a principal rota de entrada do produto contrabandeado, através da fronteira com a Bolívia, que recebe o metal de países como México, China, Rússia e Tajiquistão.
A entrada no Estado ocorre principalmente a partir de duas cidades fronteiriças, Cáceres e Vila Bela da Santíssima Trindade (218 e 523 km de Cuiabá), esta última com a rota mais utilizada pelos contrabandistas. “A faixa de fronteira é extensa, com baixa densidade demográfica, o que facilita o transporte do mercúrio entre os países”, explica a publicação.
O mercúrio originário da Bolívia entra no Brasil principalmente por via terrestre. A fronteira entre os países, no entanto, possui cerca de 3,4 mil quilômetros de extensão e é frequentemente cruzada de forma irregular também por aviões de pequeno porte, havendo inúmeros pontos para o transporte do material sem fiscalização.
Conforme o levantamento, o contrabando atinge principalmente a terra indígena Sararé, em Mato Grosso, “que sofreu invasão maciça de garimpeiros, sendo que a utilização do mercúrio na região está provocando significativa degradação ambiental com a contaminação do rio Sararé, perceptível pela alteração da tonalidade da água e o desaparecimento de espécies de peixes”. As apreensões de mercúrio no Estado coincidem, de modo geral, com áreas onde ocorre a mineração ou em pontos de intenso fluxo transfronteiriço.
O relatório enfatiza, por fim, a necessidade de ações coordenadas entre países amazônicos para conter o fluxo ilícito do metal e mitigar seus efeitos socioambientais.
O mercúrio é altamente tóxico para saúde, listado entre as 10 substâncias mais preocupantes em termos de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Diferente de outros metais, é um contaminante químico que promove efeitos nocivos ao organismo e não possui nenhuma relevância no metabolismo biológico dos seres vivos.
Nos rios, pode se transformar em metilmercúrio, que é a forma mais tóxica para os seres humanos. A exposição atinge a população principalmente por meio da ingestão de alimentos contaminados como peixes. As populações tradicionais, indígenas e ribeirinhas, são particularmente mais impactadas, tendo os seus sistemas nervoso, cardiovascular, digestivo e renal afetados, segundo o estudo.
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