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Política e a “idiotização” do Povo

Wilson Carlos Soares Fuáh – Graduado em Ciências Econômicas - É Especialista em   Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas - [email protected]
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As eleições voltam a ocupar o centro do debate nacional e, com elas, renasce a sensação de que a mudança está ao alcance do voto. A democracia brasileira, no entanto, convive com um paradoxo: o mesmo processo que garante participação popular também alimenta ilusões que se repetem a cada ciclo eleitoral.

A estratégia é conhecida. Promessas grandiosas, muitas vezes inviáveis, são apresentadas como soluções definitivas para problemas históricos. A repetição sistemática dessas propostas transforma a exceção em regra e anestesia a capacidade crítica do eleitor. O que deveria ser um exercício de escolha racional converte-se em um espetáculo de marketing político.

No dia da eleição, a euforia costuma suplantar a reflexão. A crença no “salvador da pátria” encontra terreno fértil em uma população cansada de ineficiência e carências crônicas. Programas de governo recheados de números e metas ambiciosas ganham contornos de realidade, mesmo quando carecem de viabilidade econômica e administrativa.

O desfecho é previsível. Após a apuração dos votos, a festa da democracia dá lugar a um cotidiano marcado por impostos elevados, serviços públicos precários e frustrações acumuladas. Os eleitos celebram quatro anos de mandato; o cidadão, em muitos casos, retorna ao ponto de partida, com a esperança novamente adiada.

Ainda assim, a roda gira. A cada eleição, a memória coletiva parece curta, e a promessa de um futuro melhor se impõe sobre as evidências do passado. A democracia permanece essencial, mas o eleitor precisa assumir o papel de fiscal e agente de cobrança, sob pena de perpetuar o ciclo de promessas fáceis e resultados escassos.

O desafio, portanto, não é apenas votar, mas votar com consciência — e cobrar com persistência. Sem isso, a chamada “idiotização” do povo não é obra dos políticos, mas consequência da omissão cidadã.

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