
Entre as ações retomadas estão os cursos de Magistério Intercultural para professores de comunidades indígenas e o Ensino Médio Integrado à Educação Profissional (Emiep). Iniciados em 2012, com 352 alunos indígenas matriculados, eles ficaram parados por dois anos. Com a retomada, foram investidos R$ 6.724.922,89 nas duas formações.
O Magistério Intercultural é um curso em nível médio que tem o objetivo de atender 605 professores indígenas da educação básica, mas que não possuem a devida formação. No Emiep indígena a Seduc trabalha para efetivar ações educativas por meio de práticas pedagógicas específicas de acordo a organização social de comunidades, ofertando os cursos técnicos em Agroecologia e Meio Ambiente.
Estavam programadas para este ano três fases presenciais do curso. Mas, como a Seduc herdou R$ 191 milhões em restos a pagar da gestão passada – sendo que R$ 120 milhões foram pagos, foi possível realizar apenas uma fase presencial do curso, com a projeção de concluir as demais fases em 2016.
A pasta investirá ainda, ao longo dos próximos oito anos, cerca de R$ 18 milhões na educação superior indígena. Os cursos ofertados, em parceria com a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), são de Licenciatura em Pedagogia Intercultural Indígena e Licenciatura Intercultural Indígena, que capacitarão 360 pessoas de 44 etnias de Mato Grosso. O processo será gradativo, sendo 120 estudantes ingressando a cada ano.
A aula inaugural ocorreu na última semana, dia 14 de dezembro, no auditório da Escola Estadual Presidente Médici, em Cuiabá e contou a presença dos primeiros 120 alunos, lideranças indígenas, e dos primeiros 120 alunos. Os cursos serão oferecidos no campus da Unemat, em Barra do Bugres.
A Seduc ainda entregou materiais didáticos específicos e orientações curriculares para escolas indígenas. Ao todo, 8.939 reproduções de sete títulos foram enviadas às unidades escolares indígenas. Sendo eles Orientações curriculares indígenas, Dicionário cultura Myky, Peixe Xikara´O Wirâ, Narrativa Xavante, Livro Indígena – Matemática, Livro Indígena – Língua Portuguesa, Livro Indígena – Língua Indígena Alfabetização.
A educação escolar indígena é uma modalidade de ensino existente no âmbito da educação básica que propõe oferecer aos povos indígenas uma educação escolarizada alicerçada em respeitar a interculturalidade, o multilinguismo e a etnicidade.
Amparada na Lei nº 9.394/1996, a Seduc procura reafirmar as identidades étnicas, recuperar a memória, história, valorizar as línguas e ciências indígenas além de permitir acesso aos conhecimentos da sociedade nacional.
A matriz curricular para as escolas indígenas atende a perspectiva da escola específica e diferenciada apresentando além das áreas de conhecimento Base Nacional Comum (Linguagem, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática), apresenta também a parte diversificada Ciências e Saberes Indígenas, composta pelas disciplinas: Práticas Culturais e Sustentabilidade, Prática Agroecológicas e Tecnologias Indígenas.
A Coordenadoria de Educação Escolar Indígena da Seduc é responsável, entre outras coisas, por acompanhar e avaliar a implementação da política pedagógica e orientações curriculares da educação escolar indígena.
A Educação escolar indígena é amparada pelo Conselho Estadual Indígena (CEEI) de Mato Grosso composto por 25 conselheiros indígenas que participam de duas reuniões ordinárias por ano. O Conselho congrega representantes de todas as etnias indígenas de Mato Grosso, bem como representantes de vários segmentos públicos e privados.
Em setembro de 2015, a Seduc propôs ao CEEI coordenar e integrar a comissão para discutir a implantação da Política de Educação Indígena para o Estado. Essa é a primeira vez que esses povos estão à frente do desenvolvimento dessa política.
A secretaria também apoia o desenvolvimento de políticas educacionais indígenas no Decreto nº 6.861/09 que criou os Territórios Etnoeducacionais. São áreas definidas com consulta aos povos indígenas, os quais apontam as políticas de educação escolar e os distintos contextos socioambientais e territoriais de sua comunidade.
Os territórios permitem aos indígenas participar da decisão de políticas públicas voltadas para eles, referente orçamento e definição dos papéis institucionais na gestão dessa política cujo propósito consiste em promover afirmação étnica, garantir seus territórios tradicionais e políticas específicas nas áreas da educação. Em Mato Grosso existem cinco territórios pactuados, são eles os Xavante, Cinta Larga, Tupi Monde, Xingu e Araguaia.


