O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, fez duras críticas aos resultados obtidos pela educação municipal. O gestor citou que a capital ocupa a 19ª posição no ranking nacional de educação infantil entre as capitais e afirmou que 50% das crianças não estão alfabetizadas na idade certa. Além disso, ameaçou buscar, “cada vez mais”, parcerias com a iniciativa privada.
“46% das crianças que saem da rede municipal para a estadual não dominam conceitos básicos de matemática e língua portuguesa. Praticamente 50% das crianças estão sem alfabetização na idade certa. Se você for à rede estadual de ensino perguntar quanto é 4×4, fórmula ou conta básica que deve ser aprendida até o quinto ano, as crianças não sabem quanto é”, criticou.
O prefeito também chamou atenção para o volume de recursos aplicados na área – cerca de R$ 1 bilhão anualmente – e questionou a eficiência desse investimento. “Quando você tem uma despesa de R$ 1.300 por aluno, mais caro do que muita escola privada, e o resultado é péssimo como tem sido apresentado, é gasto. Seria mais viável a gente colocar as crianças na rede privada de educação, seria até mais barato de fazer isso e as crianças teriam resultados de aprendizado muito melhor”.
Entre as críticas, o prefeito apontou problemas na gestão dos recursos educacionais. “No ano passado, os relatórios que a gente tem apurado sobre os gastos de gestão escolar tem um monte de fraude”, revelou, referindo-se à verba destinada às diretorias para administração e manutenção escolar. Brunini também criticou a priorização de gastos com folha salarial em detrimento da infraestrutura. “Na hora de cobrar entre infraestrutura e mais dinheiro para a folha de pagamento, cobraram mais dinheiro para a folha de pagamento, tirando, inclusive, recursos da infraestrutura e da manutenção”.
Como resposta à situação, o prefeito garantiu que não haverá aprovação automática de alunos e ameaçou buscar parcerias com a iniciativa privada. “Nós não vamos passar esses alunos [que não tirarem notas suficientes], isso está determinado dentro da Secretaria de Educação. Se a educação no município de Cuiabá não mudar e melhorar os seus resultados, eu pretendo daqui para frente, cada dia mais, buscar parceria com a iniciativa privada e investir cada dia menos nas relações com esses sindicatos e esses militantes que fazem da educação um péssimo resultado no município de Cuiabá”.
O pronunciamento de Abílio ocorreu após anunciar que irá garantir o pagamento do terço de férias dos professores da rede municipal, referente aos 15 dias adicionais previstos por lei — direito que garante aos profissionais 45 dias de férias anuais. Para cumprir com o pagamento referente a 2025, estimado em R$ 4 milhões, a prefeitura terá que remanejar recursos do orçamento da própria Secretaria Municipal de Educação. O valor sairá de ações previstas para reformas e ampliações de unidades escolares. “Vamos tirar de onde há orçamento, das reformas, para garantir o direito dos professores. Não há dinheiro sobrando, mas vamos honrar essa legislação”, disse, ontem.
O passivo acumulado pelo não pagamento nos anos anteriores, aproximadamente R$ 30 milhões, não será quitado neste momento. A dívida está judicializada, não foi prevista na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 e, segundo o prefeito, não há espaço fiscal para essa despesa em um cenário de contenção de gastos. Um projeto de lei deverá ser encaminhado no segundo semestre para negociar esse débito. “De 2020 a 2024, vamos mandar um projeto para parcelar. Não tem como pagar agora. Foi uma despesa não prevista e que impacta financeiramente o município”, afirmou.
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