Lula não sancionou a lei aprovada no Congresso, que cria o Dia da Amizade Israel-Brasil. Mas não a vetou, como fizera Dilma há 10 anos. Vencido o prazo para o Presidente se pronunciar, a lei voltou para o Congresso promulgar. Terá a assinatura de um judeu, o Presidente Senador Davi Alcolumbre. Lula escolheu não adotar um gesto simpático para com o estado cujo governo o considera persona non grata por suas afinidades com o terrorista Hamas. Escolheu a emoção e a ideologia.
Na política externa, a despeito das tradições do Itamaraty, Lula impõe ação ideológica, alinhando-se a Cuba, Nicarágua, Venezuela, China, Rússia e Irã, como se os brasileiros não vivessem a cultura judaico-cristã do Ocidente. Na guerra, faz declarações claramente favoráveis ao Irã e seus filiados Hamas e Hezbollah, ainda que isso tenha que exigir olhos e narizes fechados das feministas e dos movimentos homossexuais brasileiros. Durante a guerra das Malvinas/Falklands, que cobri em 1982, perguntei ao Presidente Figueiredo por que o Brasil estava ajudando logisticamente a Argentina. Ele respondeu que a Inglaterra está a 10 mil quilômetros e a Argentina continuará na nossa fronteira quando a guerra acabar. O Irã está a 12 mil quilômetros e os Estados Unidos continuarão no mesmo continente que o Brasil. E as afinidades entre esses povos estão na razão direta da geografia. Lula, no entanto, provoca o Presidente americano, dizendo não ter medo de cara feia. Mas para defender a Constituição, como jurou perante o Congresso, escolhe o silêncio do medo.
Escolhas ensejam comparações. Por exemplo, entre a atual política externa ideológica e a diplomacia de resultados, do pragmatismo responsável. Assim como comparar Paulo Guedes com Haddad. Lula e Bolsonaro são responsáveis por suas escolhas. Bolsonaro escolheu Guedes com a humildade de quem não entende de economia e seu ministro seria o Posto Ipiranga. Os resultados são diferentes, a favor de Guedes, em menos impostos, menos gastos, mais investimentos, e superávits em estatais e nas contas públicas. Bolsonaro não se metia na Economia e Guedes pôde aplicar o que dá certo, como Milei hoje demonstra na Argentina. Lula se impõe a Haddad e acha que todo gasto do governo é investimento. Por isso o Brasil sobe e desce. E desce rápido. O que se esperava que rebentaria nas mãos do próximo presidente, agora economistas prevêem para no ano que vem. Que, para a desgraça da atual administração federal, é ano eleitoral.
Haddad voltou das férias de uma semana e o hiato serviu para que especialistas concluíssem que a culpa pela irresponsabilidade fiscal não é de Haddad, mas de Lula. Assim como os 15% de taxa Selic não são sabotagem do Campos Netto e muito menos do Galipolo, indicado por Lula. As altas da taxa básica são para amortizar prejuízos da gastança comandada pelo Presidente da República, porque a missão do Banco Central é proteger a moeda e o crédito, isto é, garantir a estabilidade do Real. Lula disse num podcast que mais IOF é para garantir o arcabouço – que foi a forma de a nova administração federal derrubar o saudável teto de gastos instituído no período Temer.
Cérebro brilhante da esquerda, José Dirceu, percebeu e se manifestou. Antes, por seu amigo, o advogado Kakai, que expressou sua queixa por Lula já não ouvir seus companheiros mais confiáveis, estando isolado – no que pareceu uma crítica a Janja, que influencia e evita outros conselheiros. Depois, o próprio José Dirceu disse que a esquerda não se atualizou, perdeu o protagonismo no mundo digital e fala para um Brasil que já não existe. Lula vai se isolando não apenas de seus mais confiáveis amigos, mas dos tradicionais amigos do Brasil no mundo, como o aliado histórico Estados Unidos e o país que um brasileiro, Oswaldo Aranha ajudou a criar na ONU, Israel. Escolhas de Lula. Que prosperam também porque representantes do povo escolheram a omissão, no Congresso.