PUBLICIDADE

Até quando?

Coronel Fernanda é deputada federal por Mato Grosso.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Gabrielle tinha apenas 31 anos. Jovem, cheia de vida, mãe. Foi assassinada dentro de casa, em Cuiabá, por quem deveria protegê-la: o próprio marido. O autor? Um policial militar, alguém treinado para defender vidas. Os filhos do casal, pequenos, agora crescem com o trauma de um crime que jamais será esquecido. 

Quantas mais precisarão morrer? Quantas famílias ainda vão chorar diante da brutalidade que atinge mulheres dentro de seus próprios lares?

Eu venho há tempos levantando a voz no Congresso Nacional para denunciar essa realidade. Não se trata de casos isolados. É um padrão cruel que se repete. A violência contra a mulher é uma tragédia que destrói lares, sonhos e infâncias. E o Brasil precisa, urgentemente, tratar esse tema com a seriedade que ele exige.

Não basta endurecer as penas – embora isso também seja necessário. O que está em jogo é a omissão, a falta de estrutura e a negligência em todas as esferas de poder: municipal, estadual e federal.

É preciso agir. Fortalecer a rede de enfrentamento, ampliar os canais de denúncia – inclusive acessíveis para mulheres surdas –, garantir a presença de delegacias especializadas com estrutura 24 horas, investir em casas de amparo, auxílio aluguel e políticas que ajudem a mulher a sair do ciclo da violência. Temos que capacitar professores, agentes de saúde, policiais, conselheiros tutelares e todos os profissionais que fazem parte da rede de apoio.

Também é fundamental amparar os filhos que ficam. Crianças que presenciam cenas de horror ou perdem suas mães da forma mais cruel. Elas precisam de acompanhamento psicológico, estrutura de creche e escola em tempo integral, proteção real.

Outro ponto urgente e que não pode mais ser ignorado: é inadmissível que agressores, especialmente os que já foram presos por crimes contra mulheres, não passem por avaliação psiquiátrica rigorosa. Precisamos investigar o estado psicológico desses homens. Quem agride ou tira a vida de uma mulher não pode ser tratado com normalidade. Essa medida é essencial para entender os perfis e prevenir novos casos. Não se pode permitir que retornem ao convívio social sem o devido acompanhamento e sem que o Estado tenha pleno conhecimento dos riscos envolvidos.

A dor de Gabrielle não pode ser em vão. Assim como a de tantas outras mulheres cujas vidas foram arrancadas sem piedade. A sociedade precisa entender que quem ignora os primeiros sinais, quem silencia diante das ameaças, também contribui para o desfecho trágico.

Como mulher, como mãe e como parlamentar, eu me recuso a aceitar a naturalização da violência contra a mulher. Serei incansável em cobrar, propor e fiscalizar ações que protejam a vida das nossas brasileiras. A omissão custa caro — custa vidas.

Não podemos esperar a próxima tragédia. É hora de agir.

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias

Um Laço de Amor que Transforma Vidas

Neste 25 de maio, Dia Nacional da Adoção, a...

Aceitação superficial

Vivemos tempos em que o rótulo importa mais do...

Racismo ainda existe – com referência histórica

É lamentável que, no século XXI, ainda sejamos obrigados...

Mato Grosso Ganha Mais Representação

Em novembro de 2022, escrevi um artigo abordando os...