Em 1961 o vice presidente João Goulart voou para a China e quando voltou o Brasil era outro. O presidente havia renunciado e ele só tomou posse em outro regime, parlamentar, ficando como chefe de estado, enquanto havia um chefe de governo. Lula voou para Moscou e foi para a China e quando voltar, o Brasil também será outro. Após 64 anos, a história parece se repetir em alguns aspectos. Enquanto Lula voava, a embaixada Argentina em Caracas, com a custódia da bandeira brasileira, era alvo de uma exitosa operação que retirava de lá refugiados do regime de Maduro. No Brasil, ampliava-se o escândalo da Previdência, com cada vez mais envolvidos, sugerindo uma CPI. E se aprofundava o entrechoque entre Legislativo e Judiciário, mostrando uma corda esticada prestes a arrebentar.
Lula, mais por desconhecimento que por ideologia – esta privativa de Celso Amorim – em Moscou jungiu o Brasil ao eixo político de Putin e em Beijing juntou o Brasil ao eixo econômico da China. Uniu-se ao grupo que não pode ser chamado de democrático, além disso anti-americano e anti-ocidente, a que de fato já se havia agregado ao reconhecer, calando, o golpe eleitoral de Maduro e, por preferências pessoais, as ditaduras de Cuba e de Nicarágua. Pouco antes da viagem rumo aos anti-ocidentais, Lula ainda mandou resgatar a corrupta primeira-dama do Peru, para que ela não revelasse o que foi tramado para que a Odebrecht enchesse mochilas de dinheiro para a campanha de seu marido Ollanta.
Supostamente quem votou em Lula para este terceiro mandato o conhece amplamente, depois de oito anos de presidência, com mensalão e lava-jato. Ou desconhece os fatos ou é fiel seguidor da ideologia que Lula representa, embora ele só tenha sua própria visão de fazer política e administrar. Parte de seus seguidores se movem por fidelidade dogmática, questão de fé quase religiosa. Qualquer eleitor poderia saber que se repetiria no terceiro mandato o que já havia acontecido no primeiro e no segundo, como o derretimento dos Correios. Como o escorpião da travessia do rio com o sapo, a criatura não contraria sua natureza. Além de chamados a pagar todos os gastos do estado que não se traduzem em bons serviços públicos, os brasileiros são agora atraídos para o eixo Moscou-Beijing.
Adaptando-se a esse eixo, por aqui se tenta calar as redes sociais, última voz da origem do poder, que é o povo. A desesperança é tanta que se almeja por salvador em Washington. Mas agora surge um reforço, no Vaticano. O novo Papa, na sua primeira fala num auditório, diz que jornalistas presos “desafiam a consciência das nações e da comunidade internacional” e que todos estamos convocados para defender “o precioso valor da liberdade de expressão”. Leão XIV lembrou que somente pessoas informadas podem tomar decisões livres. Parecia estar falando para o Brasil, ou para os aliados anti-ocidente, que também prendem, perseguem jornalistas e tentam censurar a nova voz do povo, que são as redes sociais. Agora, sim, habemus papam que defende a liberdade de expressão. Ave Leão XIV!