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CRM faz vistoria no Pronto Socorro de Cuiabá e confirma caos

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O presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso, Arlan de Azevedo classifica o Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá como um "campo de concentração" e denuncia que os pacientes são submetidos a uma "condição africana de atendimento". A precariedade foi constatada durante uma vistoria realizada pela equipe do CRM na unidade de saúde e será encaminhada ao Ministério Público para que as devidas providências sejam tomadas.

Os problemas vão desde estrutura inadequada, passando por falta de higiene e até problemas de organização e gestão. Isso tudo em um Estado considerado rico e em um país classificado como a 5ª economia mundial, lembra o presidente. "Quem sobreviver é lucro", diz Arlan, classificando o pensamento e o comportamento da administração do PSM.

O relatório apresentado aponta que muitos pacientes são acomodados nos corredores, no chão ou em bancos improvisados. Outros esperam transferência há mais de 7 dias. Questões básicas e simples como locais adequados para lavar as mãos e banheiros separados para homens e mulheres não existem na unidade de saúde, explica Arlan. No teto, os danos são tão grandes que há vazamento de água, "que pelo odor, pode-se inferir seja água de esgoto".

Na Sala Vermelha, para onde são levados as pessoas em estado crítico, o atendimento é improvisado, com pacientes em macas e cadeiras. Para os 5 leitos existem somente 2 aparelhos de oximetria de pulso, indispensáveis para medir o nível de oxigênio do sangue e os batimentos cardíacos. Nesse mesmo ambiente, não há local adequado para preparo de medicamentos e esse procedimento é realizado sem higiene e proteção.

E os problemas não param. Além de constatar a superlotação nos box de emergência, na sala de trauma, nos corredores e na enfermaria, a equipe verificou que na sala de reanimação faltam monitores para acompanhar o quadro clínico dos internados e os medicamentos dividem espaço com recipientes para coleta de secreções fisiológicas. As fotos disponibilizadas pelo CRM também mostram pacientes sendo atendidos no chão e outros próximos a cestos de lixo.

O presidente também ressalta que a desorganização é tamanha, que não é possível identificar quem é médico e funcionário de quem é paciente e acompanhante. Ainda assim, Arlan diz que uma das piores coisas é a falta de privacidade, pois muitos pacientes são obrigados a se despir na frente dos outros pela falta de um local adequado de atendimento. "É um local indigno, subumano".

Denúncia já feita – Dia 16 de maio, uma semana antes do CRM vistoriar o pronto-socorro de Cuiabá, a reportagem de A Gazeta expôs o caos da unidade. Entre a dor dos pacientes e a revolta dos funcionários, a reportagem mostrou a história de pessoas que aguardavam por cirurgias, sentadas, há mais de 2 semanas. Outros precisavam se cuidar dos pedaços de gesso que caiam do teto, situação também verificada pelo CRM.

Mesmo com a reforma da parte de cima do Pronto-Socorro Municipal prevista para acabar no final de maio, Arlan de Azevedo, presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso afirma que, além de consertar a estrutura, é preciso resolver os sérios problemas de gestão e parar de utilizar a saúde pública como instrumento para campanha eleitoral.

Na vistoria realizada dia 23 de maio, a equipe do CRM identificou que muitos pacientes são encaminhados ao Pronto-Socorro para realizarem exames simples, os quais poderiam ser feitos nas policlínicas, se estas estivessem devidamente equipadas. Identificou-se ainda que muitos leitos estão desativados por falta de equipamentos baratos, o que demonstra desorganização na administração.

Outro motivo apontado por Arlan para a atual situação do PSM está relacionado à preocupação com as eleições que se aproximam e à falta de entrosamento entre os governos Federal, Estadual e Municipal, os quais não trabalham de forma homogênea. Exemplo dessa falta de união nas ações é a Proposta de Emenda Constitucional 29 que deve fixar percentuais mínimos a serem investidos anualmente em saúde pela União, mas que está paralisada no Congresso Nacional.

Questionado sobre o porquê desta vistoria ter sido realizada somente agora, Arlan explica que o projeto da reforma é muito bom e o CRM acompanhou o andamento das obras esperando que a situação fosse resolvida. Entretanto, o tempo passou e, como o problema foi piorando, o CRM decidiu pela vistoria.

Outro lado – O secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Saúde, Euze Carvalho, destaca que a situação apresentada pelo CRM não é novidade para a sociedade, nem para imprensa, e afirma que a inauguração da reforma do Pronto-Socorro, marcada para segunda-feira (31), resolverá parte dos problemas, de maneira gradual. Quanto à comparação da saúde pública da Capital com o que é praticado na África, Carvalho ironizou que o presidente do CRM não deve conhecer o sistema daquele continente. "A situação era muito pior há 2, 3 meses".

Conforme o secretário, todo e qualquer processo de reforma traz transtornos à sociedade, especialmente quando envolve uma unidade de saúde tão requisitada quanto o Pronto-Socorro, lembrando que seria impossível fechar as portas para o atendimento à população, principalmente, nos casos de média e alta complexidade. Ele destaca que ao assumir a SMS, a atual gestão sempre teve preocupação com os pacientes que lotam os corredores.

Algumas situações apresentadas no relatório do CRM, segundo a SMS, ocorrem por conta do "improviso" necessário para garantir o atendimento durante a reforma, que iniciou em outubro de 2009 e já teve a inauguração adiada por 3 vezes.

A nova data marcada será no dia 31, porém as portas estarão abertas à comunidade somente após 3 dias, período para desinfetar o local. O procedimento é necessário para o recebimento de pacientes, que serão transferidos do "caos" para os novos 32 leitos de forma gradativa.

Novo modelo – O PS passará a ter um novo modelo de atendimento, com foco voltado para urgências e emergências para casos de média e alta complexidade. Euze entende que a novidade deve desagradar quem estava acostumado a recorrer ao PS para todos os problemas de saúde.

Na unidade, equipes especializadas vão fazer a triagem dos pacientes e encaminhá-los de forma dinâmica aos locais adequados de atendimento na rede.

 

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