O ex-servidor comissionado da Secretária de Estado de Educação (Seduc), Fábio Frigeri, negou ter qualquer envolvimento no esquema de corrupção para desvio de recursos públicos na pasta. Ele prestou depoimento, esta tarde, à juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda.
Ele garantiu que a denúncia do Ministério Público Estadual contra ele é falsa. O ex-servidor começou contando como passou a trabalhar na Seduc. Relatou que pelo fato de ter conhecimento na área de engenharia foi convidado por Permínio Pinto para trabalhar na Seduc no setor de obras, pois estava "largado". Frigeri se revezou no setor de engenharia e na assessoria do então secretário estadual.
Frigeri relatou que foi Permínio quem apresentou o empresário Giovani Guizardi para ele dizendo tratar-se de pessoa do grupo do governo e que poderia precisar de algo na pasta. Depois disso participou de uma reunião com o também réu na ação penal, Wander Luiz dos Reis e Guizardi. Foi nessa ocasião, segundo Frigeri, que o empresário Giovani Guizardi lhe contou que estava montando um grupo político para quitar dívidas de campanha, reunindo um grupo de empresários.
Frigeri relatou que Guizardi dizia na reunião que estava ali falando em nome do empresário Alan Malouf, do governador Pedro Taques (PSDB) e em nome de Permínio Pinto. Afirmava que precisava levantar dinheiro para custear gastos da campanha eleitoral de 2014. Depois de três meses, segundo Frigeri, alguns empresários o procuraram para reclamar da forma como Giovani Guizardi agia no setor de licitações da Seduc. Conforme Frigeri, Guizardi agia com agressividade.
Ele garantiu que relatou a Permínio a forma de atuação de Guizardi bem com as reclamações de empresários, entre eles Ricardo Augusto Sguarezi, que também reclamou de Guizardi. Fabio Frigeri, apesar de relatar ter conhecimento da situação, nega ter participado dos crimes e afirma que sua única renda era o salário de pouco mais de R$ 9 mil que recebia enquanto assessor comissionado na Seduc. Alegou que existem muitas mentiras no processo e nas delações já homologadas até o momento envolvendo a operação Rêmora. Argumentou que as "mentiras acabaram" com sua vida e de sua família.
Frigeri também afirmou que chegou a ser convidado pelo empresário Alan Malouf para assumir o lugar de Giovani Guizardi e ser o responsável por cobrar propinas de empresários em troca da liberação de pagamentos por obras já realizadas bem como a divisão de novas licitações que estavam em andamento. Garante, no entanto, que não aceitou a proposta.
Ele também comentou sobre interceptações telefônicas que constam nos autos o envolvendo. Alegou que foram manipuladas e disse não saber qual a formação do oficial escolhido para periciar os áudios, tentando desqualificar o trabalho de perícia que constatou que não houve alteração nos áudios. Frigeri alegou que houve adulteração em diálogos que ele manteve com seu pai. “Eu fiquei triste com esse profissionalismo”. Atestou que só seguiu ordens dentro da Seduc e não tinha poder para impedir a atuação do empresário Giovani Guizardi na Pasta, no setor de licitações e contratos.
Fábio Frigeri disse não confiar no Gaeco e por esse motivo não quis firmar um acordo de delação premiada. "O Gaeco esteve em minha casa e não me deixou acompanhar a busca. Depois tentou me legar para o Pascoal Ramos e depois maquiou as interceptações telefônicas. O promotor Marco Aurélio me tratou muito mal. Chegou entrando na sala chutando porta e cadeira e o advogado Artus Osti precisou intervir", alega ele em seu depoimento. Voltou a desqualificar a delação de Giovani Guizardi que, segundo ele, está repleta de mentiras.
Em sua delação Guizardi cita o deputado federal Nilson Leitão (PSDSB) como o responsável pela indicação de Permínio Pinto e Fábio Frigeri para a Seduc. Frigeri nega e disse que foi escolhido por Permínio. Argumentou ainda só teve contato com Nilson Leitão em uma única ocasião. Disse ainda não ter conhecimento sobre doações em dinheiro feitas pelo empresário Alan Malouf na campanha de Pedro Taques em 2014. Esses detalhes também constam na delação de Guizardi.