O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), vai se empenhar pessoalmente na articulação política que pode representar o asfaltamento de 315 quilômetros ligando Mato Grosso à cidade boliviana de San Ignácio de Velasco. O trecho é o único que falta para ligar o Estado aos portos do Oceano Pacífico. O tema voltou à tona em abril deste ano, após o governador Pedro Taques (PSDB) ter liderado a Caravana do Pacífico. Mais do que abrir a possibilidade de acesso aos portos chilenos e peruanos, facilitando as exportações para a China, Blairo acredita que a obra é a grande chance para que Mato Grosso consiga alcançar um grau considerável de industrialização.
Blairo lembrou o fato de que quando foi governador segui de carro de Cuiabá até o Pacífico, com a intenção de conhecer a realidade do corredor e discutir a possibilidade de usar os portos para o envio do que é produzido no Estado. “À época fizemos gestões para tentar asfaltar este trecho até Santa Cruz de La Sierra. Não conseguimos, saiu um financiamento para a Bolívia, mas o governo boliviano quis fazer o asfalto até Corumbá (MS), uma obra financiada pelo Brasil”. Para ele, uma vez asfaltada, a estrada vai possibilitar ao Estado um mercado para o envio de produtos alimentícios, como frango e carne bovina, que seriam exportados para os países andinos. “Não creio que seja uma saída para grandes volumes de grãos, mas é a chance de Mato Grosso conseguir se industrializar”.
Neste cenário, a abertura do chamado mercado andino ajudaria a viabilizar por completo a instalação de indústrias na Zona de Processamento e Exportação (ZPE) de Cáceres, que irá conceder diversos benefícios a empresas que passem a funcionar no local. A ZPE foi criada em março de 1990, mas só neste ano teve recursos destinados para a construção da primeira etapa.
Antes mesmo da viagem, Taques já buscava viabilizar a obra. Ele havia iniciado conversas com o então vice-presidente Michel Temer (PMDB) e pretendia recepcioná-lo, em Mato Grosso, para um encontro com o vice-presidente da Bolívia. O tema foi deixado de lado por conta do agravamento da crise política e, com o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), que fez com que o peemedebista se tornasse chefe do Executivo em exercício, retomado por meio do Ministério das Relações Exteriores.