No último dia 6 o ex-governador Dante de Oliveira completaria 63 anos. Morreu em 6 de julho de 2006. Tinha governado Mato Grosso entre 1995 e 2002, sendo reeleito em 1998. Coube-lhe um papel difícil naquele momento. O governo do estado estava muito endividado e o que arrecadava sequer pagava a folha de salários. A relação era de 3 reais de despesas para casa 1 real arrecadado de impostos. Havia uma clara deterioração das contas públicas motivadas por uma série de razões, entre elas a inflação histórica, a baixa economia estadual e a população muito pequena. Era um conjunto de fatores muito diferentes de hoje quando as contas são positivas e as dívidas do estado estão sob controle.
Entre aquele e este momento, passaram-se 18 anos desde 1997, o ano da reforma fiscal. A força econômica do estado multiplicou-se. Em 1997 era de R$ 11 bilhões. Em 2012 foi de R$ 81 bilhões. No meio dessas cifras houve um intenso desenvolvimento econômico e mudança nos perfis da economia apesar das crises econômicas do próprio país. Em 1994 a produção agrícola foi de 3,5 mil de toneladas contra 38 milhões em 2012.
A modernização do estado em 1997 foi uma faca colocada no pescoço de Dante, empossado em 1995. Pressionado, fechou o banco do estado, vendeu as centrais elétricas, municipalizou a Cia de saneamento, fechou empresas públicas de habitação, de armazenamento, de gestão e demitiu cerca de 10 mil servidores não-concursados admitidos depois da Constituição estadual de 1989. A isso se chamou reforma fiscal hoje denominada de reforma administrativa.
Porém, pela carga ideológica de esquerda que carregava, Dante criou algumas políticas sociais interessantes, como a formulação que depois foi esvaziada, na área da agricultura familiar. O agronegócio tomava forte cada vez mais forte, em contraponto com a fragilíssima agricultura familiar, que ainda hoje capenga pobre e abandonada. Esse ponto merece uma reflexão, na medida em que os municípios tradicionais e até mesmo aqueles que se baseiam hoje no agronegócio, importam no conjunto R$ 1 bilhão anuais em hortifrutigrangeiros para o abastecimento estadual.
Penso que a falta que Dante mais faz hoje, é no campo da oposição onde poderia agregar e ajudar a balizar as gestões posteriores. Sem oposição, a política tende aos descaminhos da falta de cobrança. Um bom opositor agrega outros e forma uma cultura de fiscalização e de cobranças. Contudo, vejo lentamente, a História fazer-lhe justiça.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso