sexta-feira, 19/abril/2024
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Grevismos

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Na última sexta-feira, passando pela Avenida Fernando Correa, li uma faixa pregada na esquina desta com a Rua 1 onde se lê: "Greve na UFMT pela universidade gratuita e ensino de qualidade". Há dois meses a Universidade Federal de Mato Grosso está em greve. A sociedade não se comove pela causa e nem liga mais porque todos os anos greves como essa surgem por razões diferentes e resultam sempre na mesma tese do "ensino de qualidade". Greve após greve e o ensino continua com a cara do ano passado.

O serviço público federal está contaminado por sucessivas greves. No serviço público estadual está em plena efervescência a construção de uma séries de greves em todos os setores da administração, em represália à gestão Pedro Taques.

Queria aqui estabelecer um paralelo apenas pra reflexão. No mercado, o desemprego é crescente e empresas estão reduzindo quadros de pessoal, estão reduzindo atividades e encolhendo. Outras fechando simplesmente. Outras entrando em recuperação judicial pra tentar sobreviver num deserto econômico como há muito não se via no país.

A inflação corroendo a economia e os salários sendo achatados. Vou dar um exemplo que me foi passado nesta semana pelo diretor de uma grande empresa de Gestão de Recursos Humanos. Um mestre de obras que durante as obras da copa do mundo ganhava no mínimo R$ 12 mil e não se encontrava ninguém disponível, está sendo contratado por R$ 4 mil e não existem vagas no mercado. Um engenheiro que custava mais de R$ 12 mil, está aceitando emprego de R$ 3 a 4 mil e não encontra vaga.

Enquanto isso, o serviço público vive uma realidade de não ter risco de desemprego, ganha melhor que o salário médio do mercado, trabalha muito menos, mal e mal cumpre os horários, não tem que disputar a permanência no trabalho favorecido pela estabilidade, tem vantagens como plano de saúde, feriados em grande quantidade, etc.

Mesmo assim, o grevismo o coloca em cheque com a realidade fora dos muros do serviço público, onde a vida corre dura, disputada ameaçada pelo desemprego. Penso que a greve da UFMT, por exemplo, entre tantas em andamento e tantas programadas, deveria por a mão na consciência e ver que tem vida muito mais difícil do que a sua.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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