quarta-feira, 24/abril/2024
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Tesoureiro preso cita Silval e Henry para obter empréstimo

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A Polícia Federal tem muitas conversas gravadas sobre os esquemas de corrupção na Funasa- Fundação Nacional de Saúde- que resultou em 24 prisões em Mato Grosso, na quarta-feira de manhã, na Operação Hygeia, que obras superfaturadas, serviços pagos mas que não foram realizados, fraudes e direcionamento em licitações e outras irregularidades envolvendo servidores da Funasa, ONGs, prefeituras e assessores de políticos. Hoje, foram revelados dois diálogos. Um, de fevereiro de 2009, envolvendo o empreiteiro Valdebran Padilha, (rotulado de “aloprado” por suposto envolvimento na compra de dossiê contra adversários do PT) e o tesoureiro do PMDB em Mato Grosso, Carlos Miranda, que também é “preposto” de algumas empresas. Eles conversam sobre liberação de dinheiro, um empréstimo, até que saíssem recursos públicos para uma determinada obra para depois pagarem. Miranda cita várias vezes que Silval Barbosa garantiu que o recurso público (valor não revelado) para a obra, em Cáceres, seria liberado

Valdebran e Miranda não falam em valores do empréstimo que seria feito por uma mulher identificada apenas como Marilene. Mas o dirigente do PMDB afirma que foi pedir apoio do então vice-governador Silval Barbosa e o deputado Pedro Henry para liberar a verba. Ambos são apontados como supostos avalistas para a liberação.

Trechos dos diálogos grampeados:

Valdebran: lá num deu nada certo
Carlos Miranda: como assim?
Valdebran: ela falou que num, que ele não deu as garantias que ela queria de..
Carlos Miranda: Não, eu tava lá na frente. Ela tá conversando fiado. Ela não quer emprestar o dinheiro. É diferente. É outra coisa..

Valdebran: De repente ele acha que virou, que o telefonema dele surtiu efeito, tá achando e num virou né ?
Ela falou que o, que ele não quis se comprometer com nada, que…
Carlos Miranda: Mas como assim, comprometer em que sentido ?
Valdebran: de acompanhar o processo, de realmente garantir que o, que o
Carlos Miranda: Ah, cê quer que eu vou aí, na Marilene, falar com ela. Eu vou falar pra ela o que que o Silval falou pra ela, tá  na tua frente.
Valdebran: Não, num é isso, eu tô falando assim que de repente o cara acha que resolveu, né ?
Carlos Miranda: não ué, mas se…
Valdebran: ela não quer resolver, né ?
Carlos Miranda: Ela não quer resolver, é diferente. Eu vou falar, falar não Silva, lá num resolveu não. Eé, por que ? O Silval deu toda a garantia que o ERITON viu. Eu botei ele. Ele falou com o Silval.
Valdebran: Ahã
Carlos Miranda: Uai. É garantia que ele me deu. Eu que tava lá a hora que ele ligou, falou com ela. Falou o seguinte, eu tô aqui, é o CARLOS MIRANDA está comigo, tá, ele trouaqui, alô
Valdebran: Oi pode falar, eu tô escutando
Carlos Miranda: eu sei que ela, alô
Vandebran: pode falar, eu tô escutando
Carlos Miranda: Uai tá cortando. Eu estou aqui, é com o Carlos Miranda, ele trouxe aqui duas pessoas, é, antes disso ele ligou pro YURI, ligou pro PEDRO HENRY.
Valdebran: certo
Carlos Miranda: Tá? se os processo todinho assinado e dise para Marile olha, eu, eu aqui MARILENE, eu tô é realmente, todo aqui é legal, só não posso garantir pra você que esse recurso vai sair dentro de dez dias. Esse recurso já era pra ter saído. Já era inclusive pra ter saído. Mas por parte burocrática esse recurso ainda não saiu.

Carlos Miranda: mas é uma questão aí que você pode, se você quiser fazer qualquer operação, eu te dou toda garantia que é, esse recurso… que não tem como não sair. Já está assinado, tá protocolado, tá empenhado, vai sair. Ela não quer é emprestar o dinheiro, ela tá dando desculpa. Ela não imagina que vocês ia conseguir a garantia do Silval. Então é diferente, é outra coisa.
Valdebran: certo
Carlos Miranda: aí é outra coisa
Valdebran: nós falamos que cê tava lá, num sei o que, cê podia, só, dar uma ligadinha de joão-sem-braço, lá
Carlos Miranda: hã ?
Valdebran: só fala assim, ô Marilene, o pessoal aparecei aó, que eu tava lá na reunião…
Carlos Miranda: hã ?
Valdebran: só pra ver o que que ela vai falar pu cê
Carlos Miranda: Uai mas é, o, então cês deram bobeira, cês era pra ter falado eu tinha que ter ido com vocês. Eu tava lá com o Silval. Eu tenho tudo que o Silval falou com ela.
Valdebran: tá bom . Nos, nós já saímos na, na condição de que, da oposição que cê passou pro ERITON, né, que tá tudo certo…

Outro trecho da conversa

Carlos Miranda: Eu fiz o Silval dizer que esse recursos, é, ó, esse recurso tá aqui, já era pra ter saído. Esse recurso tá pronto. esse recurso tá aqui
Valdebran: Ahã
Carlos Miranda: Você vai receber. Oi.
Valdebran: tô escutando, pode falar, o liga..
Carlos Miranda: esse recurso tá, cê vai, se vai receber falou tudo pra ela, quer dizer, É eu entendi que, eu falei pro EDSON pode ir lá e receber
Valdebran: Ahã
Carlos Miranda: É ele “garan” ele falou tudo isso. Mais do que vocês me pedira ele falou pra MARILENA
Valdebran: pois é, não, pois é, ele garantiu, mas ele
Carlos Miranda: Eu acho que a MARILENA não quer emprestar o dinheiro, essa é que a grande realidade.
Valdebran: Ahã
Carlos Miranda: Que até eu, se tivesse eu emprestaria, porque com a garantia que o SILVAL me falou, que tá lá, que tá tudo certo, que num precisa preocupar.
Valdebran: Não, nós dois sabemos disse, né cara ?
Carlos Miranda: É
Valdebran: certo ?
Carlos Miranda: agora, num entendi ela, porque num, num viabilizou
Valdebran: também não, esse eu nun consegui entender
Carlos Miranda: Mas vocês “tinha” ido lá, tinha conversado com ela ?
Valdebran: ah, falei, ela
Carlos Miranda: Pronto. Aí ela falou que queria uma garantia de alguma pessoa e essa garantia podia ser do Silval e tal. Aí eu  vou lá, expliquei tudo pro Silval. Silval ligou pro Yuri, ligou pro Pedro Henry, falou ó, não, realmente falou ó Marilena, se você quiser fazer essa operação, pra esse pessoal, cê pode fazer que eu já chequei, tá assinado, tá tudo averiguado, esse recurso ká era pra ter até saí.

 

Outro lado
O governador Silval Barbosa (PMDB) concedeu entrevista para a Folha de São Paulo e negou ter tratado da liberação de verba e disse que seu nome foi usado indevidamente. Afirmou que só mantinha relações partidárias com Carlos Miranda. O advogado de Valdebran Padilha, Roger Fernandes, disse que o inquérito é confuso porque misturou três linhas de investigações diferentes e, por isso, não há como comentar a ligação entre Valdebran e Miranda.

O deputado Pedro Henry disse não ter ligação com Valdebran e que a emenda da obra em Cáceres foi com emenda do deputado Carlos Abicalil (PT)

 

 

 

 

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