sexta-feira, 29/março/2024
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PF prende 35 em cidades do Nortão e Cuiabá na operação Terra Prometida

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A Polícia Federal prendeu 35 dos 52 investigados que a justiça federal mandou prender na operação “Terra Prometida” em Cuiabá, Várzea Grande, Lucas do Rio Verde, Itanhangá, Sorriso, Nova Mutum, Diamantino, Ipiranga do Norte, Tapurah e Campo Verde. A maior parte dos 146 mandados de busca e apreensões foi cumprida.

O delegado federal Hercules Ferreira informou, esta tarde, na capital, em entrevista coletiva, que são 80 famílias investigadas, que concentram 80 lotes (tamanhos não informados), cada um avaliado em R$ 100 mil, onde era plantado milho, soja e demais culturas.  Cada hectare era vendido por cerca de R$ 10 mil e a PF aponta que havia coação de grandes fazendeiros para que beneficiários da reforma agrária vendessem as áreas. Só uma família teria adquirido 55 áreas.

Cerca de 11 acusados foram encaminhados para a superintendência em Cuiabá. 9 que foram presos em Itanhangá e Sorriso foram encaminhados para a delegacia da PF em Sinop, onde prestaram depoimentos. A PF não informou nomes. 3 foram conduzidos, depuseram e foram liberados.

O vice-prefeito em Itanhangá, Rui Schenkel, foi preso pela manhã. Em Lucas do Rio Verde, o empresário e ex-prefeito Marino Franz foi conduzido por federais que fizeram buscas e apreensões em sua casa, assim como o ex-diretor do Luverdense, Edu Pascoski. Um outro empresário no comércio varejista teria sido preso, mas a PF não confirmou nem mencionou nomes. Policiais estiveram na casa de Odacir Geller, irmão ministro da Agricultura, Neri Geller, e fizeram apreensões. A justiça federal expediu ordem de prisão para o ex-prefeito de Tapurah, Milton Geller, que também é irmão de Neri. Houve buscas na residência dele, em Nova Mutum. Ambos devem se apresentar na PF em Cuiabá. Eles são acusados de comprar as terras (15 lotes) e colocá-las em nomes sobrinhos e tios, um cunhado e uma empregada. 

Esta tarde, na capital, a procuradora do Ministério Público Federal, Ludmilla Monteiro, disse que as investigações não apontaram indícios de que o Ministério da Agricultura teria colaborado de alguma forma com as fraudes. O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, Marco Farias, disse que o ministro Neri Geller não é investigado.

Também são investigados Silvestre Caminski, vereador de Itanhangá e o ex-vereador Donizete Casavechia, além de Bento Sangiovo, ex-presidente do Sindicato Rural de Itanhangá.

Em Cuiabá, foi preso um servidor do Incra, Genoino Soriano, um dos 52 anos. Ele é topógrafo e negou que estivesse envolvido em irregularidades.

A Polícia Federal está há 4 anos investigando a destinação de lotes da reforma agrária em Itanhangá – município vizinho de Lucas- para 'laranjas' e que foram vendidos para fazendeiros. "Atualmente, estima-se que 80 fazendeiros estão reconcentrando ilegalmente cerca de mil lotes da União, sendo que o maior latifundiário reconcentra 55 lotes, e o menor 5 lotes, podendo a fraude alcançar o montante de R$ 1 bilhão, em valores atualizados", informa a PF. Fazendeiros, empresários e grupos do agronegócio "fazem uso de sua influência e poder econômico para aliciar, coagir e ameaçar parceleiros ambicionando seus lotes de 100 hectares, cada um avaliado em cerca de R$ 1 milhão", "na região de Lucas do Rio Verde e Itanhangá". É investigada falsidade documental, estelionato, corrupção ativa e passiva.

A assessoria aponta que "com ações ardilosas, uso da força física e até de armas, compravam a baixo preço ou invadiam e esbulhavam a posse destas áreas. Em seguida, com o auxílio de servidores corrompidos do INCRA, integrantes de entidades de classe, servidores de câmaras e de prefeituras buscavam regularizar a situação do lote. Para a manutenção do comércio ilegal e reconcentração de terras da reforma agrária, no decorrer dos últimos dez anos a organização criminosa fez uso de documentos falsos, ações de vistoria simuladas, termos de desistência fraudados e dados inverídicos incluídos no  Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (SIPRA/Incra), propiciando que grandes latifundiários, grupos de agronegócio e até empresas multinacionais ocupassem ilicitamente terras da União destinadas à reforma agrária.

Os federais descobriram que pessoas "ligadas ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itanhangá e ao serviço social da Prefeitura de Itanhangá,  elaboravam listas com nomes de “laranjas” que, em nome de empresários-fazendeiros, falsificavam “cartas de desistência” e Declaração de Aptidão ao Incra. Ato contínuo, servidores do INCRA realizavam “vistoria fictícia" para comprovar a posse dos “laranjas", que após cadastrados no SIPRA, eram homologados e imitidos na posse. Entretanto, quando o documento do INCRA era emitido, o fazendeiro já estava ocupando e produzindo nas parcelas reconcentradas.  As condutas criminosas se mostraram muito lucrativas, tanto para os intermediários que atuavam nas negociatas, quanto para os grupos do agronegócio que reconcentram as parcelas, usurpando áreas de topografia plana, o que as torna muito produtiva e valorizada após a mecanização.

O nome “Terra Prometida” remete à promessa de terras feita por Deus ao povo escolhido. Cerca de 350 policiais federais participam da operação. As prisões foram ordenadas pela justiça federal em Diamantino (Médio Norte).

(Atualizada às 21:15hs)

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