Apresentado como substituto de Luiz Felipe Scolari no comando da Seleção Brasileira, na manhã desta terça-feira, Dunga fez as primeiras análises públicas do fracasso da equipe nacional na Copa do Mundo. Para ele, um dos erros da comissão técnica anterior foi se dar como principal favorita de antemão.
"Não (pode) passar ideia de que vamos ganhar a Copa do Mundo antes de começar a Copa do Mundo", opinou o treinador, de volta ao time nacional quatro anos depois do Mundial da África do Sul. "O futebol é lindo, fantástico. A coisa ruim são os 90 minutos. A realidade são os 90 minutos. É ali que temos que decidir tudo".
A crítica foi implícita, mas clara. Meses antes do torneio, Felipão assumia o favoritismo da Seleção sem o menor pudor. Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico demitido juntamente com o treinador após o vexame, dizia que ser campeão jogando como anfitrião era obrigação.
Apesar do questionamento, Dunga disse que vai aproveitar parte da herança deixada pelo antecessor. "A gente não pode colocar como terra arrasada. Tiveram muitas coisas boas, outras que vamos ter que modificar. Estamos aqui justamente para isso. Vimos na Copa o quanto é importante o talento, mas o planejamento também é muito importante. O quanto é importante no futebol moderno o marketing, mas também o trabalho dentro de campo", falou.
A primeira mudança poderá ser vista em breve, na convocação para o primeiro amistoso, contra a Colômbia, marcado para 5 de setembro, em Miami. Logo em sua apresentação, Dunga disse que tem desenhado uma lista desde que recebeu convite da Confederação Brasileira de Futebol.
"Já temos um esboço", confirmou. "Mas o torcedor brasileiro e vocês (jornalistas) também me conhecem bastante. Não vou vender um sonho. É uma realidade. A realidade é que se precisa de muito trabalho. Não pode se criar uma expectativa muito grande. O futebol é imprevisível, não é nada definitivo. Não podemos achar que somos os melhores. Não, nós já fomos os melhores. Temos que resgatar essa capacidade, com humildade para reconhecer que outras seleções trabalharam muito para chegar aonde chegaram".
A comissão técnica de Dunga ainda não foi composta. Segundo o coordenador de seleções, Gilmar Rinaldi, os nomes estão sendo discutidos em conjunto com o treinador e a cúpula da CBF. Dias depois do fracasso no Mundial, toda a equipe de Felipão foi dissolvida.