O Grupo RBS comunicou, nesta segunda-feira à tarde, o fechamento de um acordo com os empresários Lírio Parisotto, Carlos Sanchez e outros investidores para a venda das operações de televisão, rádio e jornal que atuam sob a marca RBS em Santa Catarina. O anúncio, feito em reunião com os colaboradores na sede da empresa em Florianópolis, foi transmitido em videoconferência para todas as áreas da organização no Estado. Embora o valor não tenha sido divulgado, o negócio é considerado um dos maiores no setor de mídia nos últimos anos no Brasil. A conclusão do negócio aguarda aprovação dos órgãos reguladores.
O presidente do Grupo RBS e do Conselho de Administração, Eduardo Sirotsky Melzer, explicou que a venda das operações catarinenses foi uma decisão harmônica das três gerações de acionistas a partir de uma excelente oportunidade de negócio que se viabilizou no final do ano passado.
— Há muitos anos vínhamos sendo procurados por diferentes grupos com interesse em adquirir nossas operações de mídia em Santa Catarina — observou.
Uma Carta Aberta aos catarinenses foi divulgada logo depois do anúncio e estará nesta terça-feira na capa dos jornais da RBS em Florianópolis, Blumenau e Joinville. Na carta, o Grupo RBS manifesta seu reconhecimento e gratidão ao apoio do público, dos clientes e agências de publicidade, além da dedicação de todos os colaboradores ao longo de quase 37 anos.
As mais de três décadas e meia de relacionamento da RBS com Santa Catarina também foram lembradas pelo conselheiro da RBS Nelson Sirotsky, que liderou a instalação da empresa no Estado vizinho.
— Estivemos juntos nas bandeiras pelo desenvolvimento do Estado, como na duplicação da BR-101, enfrentamos momentos difíceis, como as enchentes que devastaram Santa Catarina, e celebramos bons momentos, como os shows dos 50 anos de carreira de Roberto Carlos e do beatle Paul McCartney. Agora, um novo ciclo se inicia, e desejamos que seja tão positivo quanto o anterior — afirmou Nelson Sirotsky.
Membro da primeira geração de acionistas, Jayme Sirotsky reforçou que a RBS concentrará suas atenções no Estado onde nasceu.
— A RBS surgiu aqui há quase 60 anos e, fiel a seus valores, sempre seguirá procurando atender as expectativas das comunidades gaúchas por meio de um jornalismo independente e de alta qualidade — salientou.
Em todas as suas manifestações, os representantes das três gerações de acionistas da RBS reafirmaram sua convicção no futuro do negócio e no propósito da empresa de levar ao público conteúdos que gerem impacto positivo na sociedade.
— Temos uma visão muito clara do nosso propósito, que é produzir jornalismo e entretenimento que transformem para melhor a vida das pessoas. A RBS é uma empresa sólida, com um propósito claro. As operações do Rio Grande do Sul não estão à venda — afirmou o presidente da RBS.
Além dos empreendimentos em comunicação, a RBS é proprietária da e.Bricks, empresa de investimentos digitais com presença no Brasil e nos Estados Unidos.
Os compradores dos veículos da RBS em Santa Catarina são dois dos maiores empresários do país. Lírio Parisotto, gaúcho de Nova Bassano, tem participação em empresas de diversos setores, como a Videolar e Innova. Carlos Sanchez, do Grupo NC, comanda um dos maiores laboratórios farmacêuticos do Brasil.
Embora o primeiro contato entre os investidores e a RBS tenha ocorrido há cerca de três anos, o acordo efetivamente tomou forma somente nos últimos dias.
Durante o anúncio, Parisotto informou que não haverá mudanças imediatas nas atividades dos veículos catarinenses, que seguirão com autonomia e mesma linha editorial. Será mantida a sinergia entre a RBS e a nova empresa por meio da criação de comitês de transição para as áreas operacionais e comerciais. Esses comitês farão o acompanhamento de todo o processo de transição, que deverá estar concluído em até dois anos. O presidente da nova empresa será o executivo Mario Neves, atual diretor-geral da RBS TV em Santa Catarina.