quarta-feira, 17/abril/2024
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Perdão para traficante

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O governo brasileiro, fiel à cultura nacional de ter pena de bandido e não ligar para as vítimas, exigiu que o traficante brasileiro que, por anos, entrava com cocaína na Indonésia, não fosse fuzilado, como manda a lei daquele país. Como o presidente de lá se manteve fiel a lei e não interferiu na Justiça, a presidente Dilma se disse “indignada” e chamou o embaixador brasileiro “para consultas”, o que significa uma ameaça de rompimento de relações. Se romper, só quem perde é o Brasil, que tem vendido aviões e veículos para o arquipélago asiático. A Indonésia deve estar muito preocupada. Quem sabe o Brasil manda uma expedição punitiva? Onde já se viu matar traficante brasileiro, com 25 anos de serviço, que aqui sobrevive tão bem? Danem-se as famílias indonésias, cujos filhos receberam cocaína que o carioca levava por anos, nos tubos da asa-delta, apresentando-se como instrutor de voo livre.

A indignada presidente não olha para seu próprio país, que tem cerca de 150 execuções de brasileiros por dia, todos os dias. A Indonésia, com 250 milhões de habitantes, tem 19 mil assassinatos por ano. O Brasil, com 200 milhões, tem 54 mil assassinatos anuais. São 7 contra 27 homicídios por 100 mil habitantes. A diferença está bem explicada pelas leis penais e pela forma como são cumpridas, lá e aqui. 

O traficante carioca, ao ser flagrado, ainda fugiu do aeroporto, mas foi capturado depois. Costumava fazer a rota Rio-Amsterdam-Báli, levando cocaína comprada no Peru, Bolívia e Colômbia. Ele próprio era viciado em manfetamina cristal, muito usada em raves brasileiras. Um outro brasileiro deve ser fuzilado em dois meses, pelo mesmo motivo: levava cocaína nas pranchas de surfe, disfarce para chegar a Báli. A família alega que ele sofre de distúrbio mental. O que não impediu a engenhosidade de esconder o pó em equipamento esportivo, como o outro traficante.

Depois disso, dificilmente algum traficante brasileiro vai levar cocaína para destruir os jovens indonésios. O que foi fuzilado sempre teve confiança de que voltaria ao Rio. Ainda levava na cabeça a cultura nacional, de que nada é sério e tudo é bagunçado. E tinha lá suas razões. Afinal, o Brasil deu abrigo ao italiano que matara quatro a sangue frio e havia sido condenado em todas as instâncias no país que criou o Direito Romano. Faz sentido; afinal, abrigamos uma multidão de traficantes ou assassinos. Ou não seríamos executados à razão de 150 brasileiros por dia.

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