sexta-feira, 19/abril/2024
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Fantasias

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No carnaval, rostos cobertos de purpurina me fazem lembrar do oposto: a possibilidade de surgir uma moda muito saudável: a da cara-lavada. Sem pó compacto, blush, batom e afins. Celebridades como as modelos Gisele Bündchen e Izabel Goulart postaram fotos sem maquiagem. O mesmo fez a modelo e DJ Larissa Busch. As atrizes Scarlett Johansson, Kate Winslet e Julia Roberts posaram de cara limpa, como nasceram, num ensaio para a Vanity Fair. De certa forma, elas me dão a resposta para a pergunta de por que a pele das mulheres envelhece mais no rosto do que no restante do corpo. Não é apenas o sol, que também atinge o rosto dos homens, mas também a camada de todo tipo de cosméticos que cobre a pele da face das mulheres o dia inteiro, fechando os poros e impedindo as trocas que a pele promove entre o corpo e o ambiente – aliás, essa é uma das importantes missões desse que é o maior órgão do corpo humano.

Estou entre aqueles homens que torcem para que vire mesmo moda a cara-lavada. Num abraço, a maquiagem borra o ombro de meu paletó e o colarinho da camisa, além de trazer um perfume que não é humano nem de mulher. Num beijo, o batom mais parece um preservativo entre as bocas e deixar apenas uma pasta pegajosa e insossa de batom, isso sem contar que lábio vermelho não é natural de ninguém – no máximo rosa, de uma pessoa albina. E o que dizer dos olhos, cercados de pintura negra, como fazem os artesãos que fabricam bonecas e bonecos. E acima dos olhos, as sobrancelhas, depiladas para depois serem pintadas por cima. E tem gente que as chama de sombrancelhas, como se fossem para produzir sombra sobre os olhos… O pior é que ainda fazem isso em meninas, que ainda nem chegaram sequer na adolescência. Quando as meninas passarem dos cinquenta vão querer se vestir como meninas e voltar ao ridículo da infância quando eram fantasiadas de mulheres.
           
Parece uma falsificação, a pessoa não é o que parece. Neste carnaval, em que todos se fantasiam para parecer pirata, ou arlequim, ou colombina, ou palhaço, ou Messalina, fico pensando o quanto isso é usual na política, principalmente nas campanhas eleitorais, como teremos neste ano. Eleitor não notam, porque estão acostumado com a maquiagem que os cerca no cotidiano. Não se importam em ver tudo maquiado, como um produto comum na prateleira, empacotado em papel brilhante cinco estrelas. É o que se vê antes mesmo das campanhas eleitorais, nos horários partidários obrigatórios. Todos os partidos são ótimos e vão resolver a saúde, a educação e a segurança. Obra dos marqueteiros maquiadores e da índole de  políticos. E como é diferente a conversa de cara-lavada do político e a declaração maquiada que faz diante de um microfone!
           
Nossa Presidente fez campanha para se eleger coberta de maquiagem. Não apenas no rosto, mas nas palavras que lhe saíram da boca. Jamais voltaria a CPMF, a eletricidade ficaria mais barata, os juros e a inflação cairiam, não haveria desemprego e o Brasil desfrutaria de quatro anos de prosperidade. Diante do sol da realidade, a maquiagem derreteu. Mesmo assim, a marquetagem oficial continua tentar a fechar os poros do país. Mas já não adianta; pode-se ver perfeitamente o governo de cara-lavada

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