sexta-feira, 29/março/2024
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EL Niño: castigo divino ?

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Como se não bastasse o mau tempo econômico, político, moral, ainda estamos sob a inclemência de El Niño, que nunca esteve tão forte em quase 20 anos. Mais chuvas no Sul, com inundações, mais calor no Sudeste, com falta e excesso de chuvas castigando onde precisa de água e onde água e vento não faltam;  mais seca no Nordeste, como se já não bastasse o histórico de desgraças, e mais chuvas e calor no norte, onde incêndios florestais matam tanta vegetação e animais quanto no cerrado do centro-oeste. um conjunto de tragédias anunciadas. Mas o governo, mais preocupado em agarrar-se ao poder para que milhares não percam a boquinha, está mais preocupado em si próprio e os atingidos por El Niño que se lixem.

Não que não pudesse adotar medidas preventivas à altura da ameaça. O estado brasileiro dispõe de excelentes instituições de previsão meteorológicas. Mais do que isso, qualquer um pode prever, dando uma olhada nas interpretações do fenômeno resultante do aquecimento anormal das águas do Pacífico equatorial. A previsão é de que até dezembro a anomalia vai se agravar, com a média das águas do oceano, na altura do equador, chegando a 2,8 graus centígrados acima da normalidade, igualando a marca de 1982. Ou seja, ainda vai piorar. E até que passe, ainda teremos uns seis meses pela frente. A previsão aconselha esperar mais chuvas no sul e menos chuvas no restante do país até junho de 2016.

Como todos sabemos, isso é mau sinal. Arrozeiros gaúchos estão perdendo safra por inundação na lavoura irrigada, sempre em baixios. São Paulo está em constante crise de escassez de água para abastecer as cidades. A agricultura, riqueza que tem sustentado o país em recessão, será afetada pela falta de chuvas. Significa menos produção, menos empregos, menos impostos, mais recessão. E o que fez o governo, quando foram oferecidas as previsões desde dezembro do ano passado? Nada. Permaneceu a rotina da Defesa Civil e das visitas esporádicas às áreas atingidas, com oferta de crédito e mobilização improvisada, sempre correndo atrás do prejuízo e nunca prevenindo. Cheias no Itajaí-açu, por exemplo, que chegam a causar milhões de reais de prejuízo ao movimento do porto, seriam controladas se obras tivessem sido feitas. Mas como investir, se os gastos políticos são gigantescos? Se a administração federal é tão destrambelhada?

Em país sério, ao chegarem as previsões das conseqüências da anomalia do El Niño, imediatamente, ainda no ano passado, criaria um comitê de crise para adotar medidas preventivas no país inteiro, já que nenhuma região está fora das desgraças do tempo. Nada foi feito. A presidente estava ocupada com a reeleição e depois em justificar porque não era nada daquilo que havia afirmado na campanha. El Niño, em espanhol, significa menino Jesus. Parece castigo. Só que nos pune a todos. Enfim, fomos nós que a reelegemos.

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