quinta-feira, 28/março/2024
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A queda da Bastilha

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 No mundo ocidental, comemora-se nesta semana a tomada da Bastilha, que iniciou a Revolução Francesa, que tanto influenciou a política, o poder, as instituições. Nesta semana, no Brasil, aprofunda-se o processo da Lava-jato e também suas implicações na Justiça Eleitoral, além das pedaladas descobertas pelo Tribunal de Contas. A presidente da República teve um encontro fora de agenda e de lugar com o presidente do Supremo, no Porto, e isso levantou especulações sobre os temores de Dilma, que recentemente repetiu: “Eu não vou cair, eu não vou, não vou”. Muita gente tem-me perguntado quando a presidente vai cair. Só tenho resposta devolvendo a pergunta. Quem ganha e quem perde, se a presidente for apeada antes da hora?

A oposição seria a primeira a perder se a Presidente fosse tirada por um processo de impedimento – o único possível dentro da Constituição. O PT iria imediatamente para a oposição, o que o partido sabe melhor fazer. Lula logo acusaria azelite e a burguesia de terem tirado o povo do poder. Dilma seria apontada como vítima, sacrificada pelos golpistas. E o PT se reconciliaria com seu povo, pronto para reconduzir Lula ao poder. As eleições seriam uma vingança e uma resposta ao PSDB e demais partidos que votassem pelo impeachment no processo da Câmara e no julgamento do Senado. 

O PMDB perderia também se tivesse que assumir o governo com seu presidente, o vice-presidente da República Michel Temer. A maldita herança que Dilma e o PT geraram para si próprios teria que ser assumida, com todas as responsabilidades, pelo Presidente Temer e seu partido. E ainda com a situação econômica piorada pela crise institucional e a instabilidade política geradas pelo processo de impedimento. O país estaria num inferno e também seu maior partido, se no governo.

E o PT? O próprio Lula já disse que a situação está tão feia para ele, para Dilma e para o partido, que todos estão no volume morto. Para o PT seria um alívio deixar o governo em que Dilma se afoga e leva consigo seu partido e seu mentor. Em vez de morrer afogado, ao se livrar de Dilma sairia nadando de braçada. Assim, paradoxalmente, quem teria chances de ganhos se Dilma fosse tirada do poder, seria Lula e seu PT.

Políticos e partidos parecem estar entendendo pouco o que acontece com o país, em que o desemprego é uma perspectiva sinistra(no sentido de aterrorizante, não de esquerda). Atiram para todos os lados, aprovam no Congresso iniciativas que podem piorar a situação, como aumento para o Judiciário e fim do fator previdenciário. O barco em que todos estamos vai afundando e eles agem como se estivessem em mar de rosas. Fosse no 14 de julho de 1779, em Paris, eles derrubariam a Bastilha mas não saberiam o que fazer depois.

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